A Educação e o Preconceito
A Educação e o preconceito
“...as entidades e os personagens deste “Causo” são fictícios. Quaisquer semelhanças com entidades ou pessoas é mera coincidência...” (oldack)
Em outras oportunidades já abordei o tema envolvendo o preconceito. Como sabemos, não é uma opção do Gênero Humano, uma característica só encontrada nele. Podemos contar com o preconceito de raça, cor, estética, de classe, etc. No tocante à classe me lembro que foi quebrado nos EEUU com Lincoln e recentemente com Lula no Brasil. Para o homem, empresários, grandes doutores, coronéis podem representar anseios do povo, cuja maioria esmagadora não pertence aos setores citados. Já a classe humilde e trabalhadora permanece no patamar sustentado pelo preconceito. A grande vacina contra esse mal pode ser encontrada na Educação, no entanto essa vertente, principalmente no Brasil, não tem obtido grandes sucessos. Muito pelo contrário, apresenta uma enorme decadência, notadamente no setor público.
Este “Causo” é sobre preconceito de classe e de cor surgido num local onde deveria ser combatido. É perpetrado por “Educadores”. Nos inícios do anos 80, por contingência fui obrigado a assumir a Direção de uma entidade particular de Educação. Não tinha a mínima experiência em administração escolar. Do meu lado apenas a vivência em salas de aula, o diploma de pedagogo e uma equipe de Anjos da Guarda na qual sempre encontrava um de plantão. Pois bem, um clube de serviços que sempre se preocupou com a formação das pessoas, colocou em prática um concurso literário, procurando estimular no jovem o gosto pela leitura e escrita. Poderia participar um aluno de cada escola que estivesse na 8.a série do ensino fundamental. O corpo de jurados deveria ser representado por dois professores de cada escola e especialistas em Língua Portuguesa. Como nossa escola era pequena tínhamos apenas um professor do qual a nossa candidata era aluna, o que o colocava em impedimento. Participamos com um professor de Educação Moral e Cívica e um de Magistério no corpo de jurados. Enviamos nossa candidata que, embora jovem, tinha como predileção, desde sua alfabetização, a fascinação pela leitura e escrita. Não deu outra. Seu trabalho surpreendeu o corpo de jurados. Era de uma simplicidade extraordinária, mas também de uma qualidade muito superior à de muitos escritores profissionais. O grupo liderado por uma “renomada” professora achou por bem desclassificar a candidata. Concluíram que uma aluna com tão pouca idade “não tinha capacidade” para produzir uma obra literária com aquelas características. Faltou ao grupo sabedoria e sobrou preconceito. A arma da consecução do erro foram as justificativas: “ Conheço essa menina. É uma “negrinha”, filha de uma empregada doméstica da professora tal ...”. Numa estocada só, dois fatais golpes preconceituosos. De raça e de classe. Abro aqui um parênteses para deixar claro que nem originais foram. Jung, famoso psicanalista, quando jovem participou de um concurso semelhante com semelhante desfecho. Seu professor, do alto de sua prepotência, desclassificou o trabalho e justificou: “Este texto não é seu.!!!” Diante da reação do aluno que lhe questionou: “... se o texto não é meu de quem é então???”. “Não sei! Mas teu, tenho certeza que não é!!!”. Voltando ao nosso ”Causo”, a reação por parte da Direção de nossa escola foi imediata. Embora a experiência administrativa fosse pequena, a vida tinha nos dado aquilo que é de direito. O senso de Justiça. Dessa forma uma crise foi instalada. Diante disso a diretoria da entidade procurou o administrador do Colégio pedindo-lhe desculpas e solicitando uma sugestão de como se poderia levar tudo a bom termo. Como é do meu feitio, não aceitei as desculpas e ouvindo o sopro de meu Anjo da Guarda que estava de plantão, disse que a única coisa que restava seria a anulação do presente concurso, marcando outro com tema e corpo de jurados diferentes. Ouvido o Conselho Deliberativo do clube de serviço, veio a sugestão: “...MANDAR (atente para o verbo) a Presidência da Entidade mantenedora do Colégio administrar as decisões do resistente Diretor. Sabedores das características pessoais do mesmo, o MANDADO não foi atendido. A última tentativa de solução foi feita pela presidência da entidade do clube de serviço: Conceder à aluna um prêmio HORS- CONCOURS que soava como prêmio de consolação, e os deixaria numa cômoda posição. Fiz, aquilo que já vinha fazendo nas demais frustradas tentativas de solução, consultei a professora e a aluna concorrente. Como sempre estávamos falando a mesma língua, o prêmio não foi aceito e o episódio ficou sem solução. Nos anos seguintes o clube de serviço solicitou ajuda da Delegacia de Ensino que passou a nomear entre seus membros o corpo de jurados.
Chamo a atenção para esse fato na expectativa de que este setor da Sociedade (a Educação) não cometa erros que ele tinha obrigação de evitar e combater. (oldack/04/08/012).X Nota do Revisor: Oldack, mexi bastante neste texto porque não concordei com algumas passagens obscuras, embora eu tenha deixado algumas mesmo achando-as nebulosas.Na sua última frase por ex. fiz uma alteração exigida pelo pronome relativo "que" no finalzinho.