Uma Questão de Fé.
A fé é obviamente uma questão de foro íntimo. Um enfermo desenganado pela medicina, seu último apelo são os poderes místicos. Já ouvi muitos casos de curas através de promessas e preces. Também já ouvi outros fenômenos. Cientistas afirmam que a fé nada mais é do que a força da mente e pode provocar fenômenos que chamamos milagres.
Meu avô contava um destes fenômenos acontecido com meu tio avô. Estava este meu tio avô gravemente enfermo, chegando à fase terminal. Acostumados aos preceitos religiosos e percebendo os sinais de morte, um portador fora à cidade pedir o comparecimento do padre para assisti-lo naquele momento fatídico. Aconteceu que a cidade estava em festa e o velho sacerdote coordenava o jubileu. Para dar assistência espiritual ao moribundo, teria que cavalgar seis léguas. Então, disse ao portador apavorado e preocupado, que poderia ir só depois dos festejos, que ainda durariam quatro dias. O portador argumentou que talvez o agonizante não passasse daquele dia. O velho sacerdote acalmou-o, dizendo de que o enfermo o esperaria para receber a santa unção. Não deu outra. Terminado os festejos o provecto padre compareceu, conversou, confessou e ungiu o enfermo, que se finou na presença daquele mensageiro do céu.
Pela ciência o fenômeno se deu pela força da mente, tanto do sacerdote como do moribundo. Pela mística aconteceu um milagre desencadeado pela fé de ambos.
Para uma fraternal convivência social, cabe aos ateus respeitar a religiosidade das pessoas. Cabe aos religiosos respeitar os ateus. Este é um processo de cidadania.
Lair Estanislau Alves.