OS TRÊS CANGACEIROS
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Recontando Contos Populares
Conta-se que viviam lá para as bandas do sertão da Paraíba, três cangaceiros muito amigos.
Depois de caminharem muitas léguas, varados de fome os três descansavam na caatinga, quando avistaram, na estrada, um velho que carregava uma ovelhinha nos ombros. Como fazia dias que os três não comiam quase nada, a ovelha, apesar de filhotinha, daria uma bela refeição. Mas os cangaceiros tinham orgulho e atacar um velho que merecia estima como aquele era até uma vergonha para cangaceiros destemidos como eles. Vai daí, que um dos cangaceiros teve uma boa ideia, contou aos outros e eles resolveram pô-la em prática.
O cangaceiro, dono da idéia, foi até a estrada, chegou-se pra perto ao homem que lá vinha e perguntou:
— Bom-dia! Onde é que vosmecê comprou esse cachorro tão bonito?
— Ó compadre, pois não sabe... isso não é um cachorro; é uma ovelha, que eu comprei na feira – explicou o velho.
O cangaceiro teimou que era um cachorro, mas não disse mais nada e se despediu. Mais adiante, o segundo cangaceiro pareceu na estrada e foi logo elogiando o cachorrinho que o homem carregava nos ombros. Não adiantou o homem explicar que se tratava de uma ovelha, pois o cangaceiro continuou a insistir em chamá-la de cachorro.
Depois foi a vez do terceiro ladrão aparecer na estrada e fazer o mesmo jogo.
— Que cachorrinho bonito! Vosmecê não quer vender?
E os dois discutiram – é ovelha, é cachorro – até que o cangaceiro foi-se embora. A essa altura, o homem, muito aperreado, olhou devagarzinho a ovelha e acabou se convencendo de que ela era mesmo um cachorro. Largou-a ali mesmo na estrada e seguiu seu caminho, furioso consigo mesmo pela compra idiota que havia feito.
Os três cangaceiros, então, recolheram a ovelha e almoçaram muito bem naquele dia. ®Sérgio.
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Imagem: Caipira picando fumo. Óleo sobre tela de José Ferraz de Almeida.
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