O BUTEQUEIRO E O CACHACEIRO PEDINTE
No grande interior mineiro, em quase todas as cidades, tem aqueles sujeitos viciados no álcool. Como não lhes “sobra” tempo para o trabalho, começam a via sacra cedo, de boteco em boteco, se embriagando pela impaciência dos donos dos bares que, para se verem livre do dito, acabam dando uma dose.
Tonto: - Me dá uma cerveja!
- Você já está tonto. Respondeu o dono do bar.
- Tonto de quê? Perguntava o embriagado pedinte.
- De tanto beber.
- Será?
-Você não consegue fazer um quatro!
- Ficar de quatro, jamais!
- Não é ficar, é fazer. Dizia impaciente o dono do recinto.
- Fazer o quê?
- Um quatro.
- O único quatro que eu sei fazer é o que o professor me ensinou, inclusive, se você num sabe, é depois do três.
- Esse quatro que estou falando é ficar numa perna só!
-Mas eu não sou Saci Pererê!
- Você é um bebum!
- Que tem meu bubum?
- Está tonto de tanto você sentar na sarjeta!
- Você começou a me chamar de uma coisa que até sua mãe tem!
Dono do estabelecimento, completamente fora da linha:
- Garçom, dá uma cerveja para esse tonto e o jogue na rua.
Tonto, depois de saborear o primeiro gole, chegou à porta do recinto e disse:
- Agora estou feliz. Vou até fazer um quatro, brincando de Saci Pererê na sarjeta de sua mãe.
JOSÉ EDUARDO ANTUNES