O BUTEQUEIRO E O CACHACEIRO PEDINTE

No grande interior mineiro, em quase todas as cidades, tem aqueles sujeitos viciados no álcool. Como não lhes “sobra” tempo para o trabalho, começam a via sacra cedo, de boteco em boteco, se embriagando pela impaciência dos donos dos bares que, para se verem livre do dito, acabam dando uma dose.

Tonto: - Me dá uma cerveja!

- Você já está tonto. Respondeu o dono do bar.

- Tonto de quê? Perguntava o embriagado pedinte.

- De tanto beber.

- Será?

-Você não consegue fazer um quatro!

- Ficar de quatro, jamais!

- Não é ficar, é fazer. Dizia impaciente o dono do recinto.

- Fazer o quê?

- Um quatro.

- O único quatro que eu sei fazer é o que o professor me ensinou, inclusive, se você num sabe, é depois do três.

- Esse quatro que estou falando é ficar numa perna só!

-Mas eu não sou Saci Pererê!

- Você é um bebum!

- Que tem meu bubum?

- Está tonto de tanto você sentar na sarjeta!

- Você começou a me chamar de uma coisa que até sua mãe tem!

Dono do estabelecimento, completamente fora da linha:

- Garçom, dá uma cerveja para esse tonto e o jogue na rua.

Tonto, depois de saborear o primeiro gole, chegou à porta do recinto e disse:

- Agora estou feliz. Vou até fazer um quatro, brincando de Saci Pererê na sarjeta de sua mãe.

JOSÉ EDUARDO ANTUNES

Zeduardo
Enviado por Zeduardo em 17/08/2012
Código do texto: T3835358
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