EM NOME DA VIDA
Já não havia mais o que fazer.
Tentara de tudo.
Porém aquela altura da vida, já não tinha mais a mesma disposição para enfrentar tratamentos dolorosos; Internações que consumiam seu tempo e os muitos remédios que roubavam o pouco contato que ainda tinha com a vida.
“Não doutor, eu não vou passar por uma nova cirurgia”.
Saiu do consultório em silencio.
Sorriu para a atendente num gesto de “adeus”.
Sentiu-se pequeno.
Abraçou o vento.
Sorriu de si mesmo;
Lembrou-se dos muitos amores e desamores;
Cantou uma canção de inverno;
No ritmo da lágrima que rolava pelo rosto magro.
Lamentou o tempo que perdeu;
Do beijo que não deu;
Do abraço que negou;
Do ódio que alimentou;
Do sorriso que fugiu;
E da declaração que não fez em nome do orgulho.
Parou num barzinho;
Pediu um bom vinho;
Sorriu mais uma vez...
Curtindo um soneto tocado,
Num violão desafinado
De um artista qualquer...
Que embalava o momento de um homem
Sendo somente um homem.