ARDóSIA 12 : Sonoplastia

Tivessem os episódios de “Ardósia” trilha musical e Paulinho da Viola seria o tema perfeito para a caminhada de Téo, desolado, de volta para casa após aquilo que ficou conhecido entre seus amigos como “o desastre”: o papelão desempenhado no jantar de despedida de Laura com as amigas, na noite de Páscoa. Durante a madrugada, a passos lentos deslizando por vários quarteirões, Téo martiriza-se imaginando perder seu grande amor para algum pulha d’além das fronteiras de Ardósia; tal qual uma série televisiva, a câmera filmaria seu rosto, olhos perdidos no horizonte... sem qualquer lágrima, claro. Aos poucos, a grua com a filmadora iria subindo, abrindo a imagem, aparecendo toda a rua, a cidade deserta, diminuindo a silhueta do pobre rapaz...

Então entraria nosso menestrel, atacando (de leve) com a versão acústica de “Nervos de Aço”, de Lupicínio Rodrigues:

“Você sabe o que é ter um amor, meu senhor

Ter loucura por uma mulher

E depois encontrar esse amor, meu senhor

Ao lado de um tipo qualquer?

Você sabe o que é ter um amor, meu senhor

E por ele quase morrer

E depois encontrá-lo em um braço

Que nem um pedaço do meu pode ser?

Há pessoas com nervos de aço

Sem sangue nas veias e sem coração

Mas não sei se passando o que eu passo

Talvez não lhes venha qualquer reação

Eu não sei se o que trago no peito

É ciúme, é despeito, amizade ou horror

Eu só sinto é que quando a vejo

Me dá um desejo de morte ou de dor”

Oquei, provavelmente não entraria a música inteira, mas as duas primeiras estrofes cumpririam o efeito dramático desejado. Posteriormente, em seu quarto, ainda só, sentado na beira da cama, haveria um close em seu rosto, em especial nos olhos. Que expressariam? Mirando o teto, a imagem televisiva passando do colorido ao sépia. E entra Camisa de Vênus, guitarras acionadas, em regravação de “Canalha”, de Walter Franco:

“É uma dor canalha, que te dilacera

É um grito que se espalha, também pudera

Não tarda nem falha, apenas te espera

Num campo de batalha é um grito que se espalha

É uma dor canalha!”

A partir daí, Téo passaria do “chororô” à ação e assim retomar o amor perdido. Bem, isso então seria outro episódio.

Nichollas AIberto
Enviado por Nichollas AIberto em 05/08/2012
Código do texto: T3815701
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