Celina e Melina

Celina era uma menina muito curiosa e decidida, aos 12 anos morando com seus pais na Fazenda Esmeralda, resolveu em um certo dia de muita chuva sair para enfim se deliciar na água que caia do céu, naquele quente verão.

Andou, andou, bailou pelo pasto verde, saboreou as viçosas maças e uvas, agora já banhadas pela mesma água que aos poucos esfriava seu corpo, pisou no barro mole na entrada, da porteira, e sem presa cantava sua canção preferida: “Brilha, brilha estrelinha, quero ver você brilhar e faz de conta que é só minha”, e entrou pasto a dentro do Seu Alfredo, o vizinho do bigode grande, que andava sempre zangado, e que sem perceber, já no meio da imensidão verde, sem uma árvore, somente aquela grama rala já toda puxada pela boca ofegante da Melina Braveza, e quando por um instante ela olhou e se deparou com a mais irriquieta das vacas de seu vizinho. Celina imediatamente ficou estagnada, parou, suas pernas se enfraqueceram e paralisaram aquele andar passeador em meio a tanta chuva, seu canto se dissipou como finda o canto de pássaro abatido derrepente e naquele instante Melina Braveza todinha molhada também, mugia alto e caminhava lentamente em sua direção com aquela respiração ofegante de animal e sua boca mascando algo que Celina nunca descobriu o que era.

Celina não correu porque não conseguiu correr, não gritou porque seu silencio bloqueou o canto que entoava, estática ficou até que um violento trovão fez tremer o ar, num estrondoso e assustador que tirou a atenção de todos que o ouviram e fez com que Melina Braveza desse meia volta rapidamente, imediatamente Celina quietinha e devagar seguiu seu caminho de volta para a Casa Grande.

Domingos Richieri
Enviado por Domingos Richieri em 05/08/2012
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