O ALEMÃO AZARADO

O ALEMÃO AZARADO

Não é que aquele Fritz cismou de ganhar a vida fácil? Disseram a ele que lá no Caminho Largo, no Centro da Mindoca, (Almerinda Alves Moreira) existia uma fórmula mágica e que seria tiro-e-queda; era só seguir à risca o que lhe mandassem fazer.

Pois então, meio amedrontado foi lá, acompanhado de dois amigos que já freqüentavam o Centro Espírita, pedir ajuda para ganhar um pouco de dinheiro, pois que a situação estava periclitante. Depois de ouvir os atabaques e de receber uns passes, ouviu da Mindoca, com atenção, as instruções:

Levaria pequenas moedas de tostões, nos bolsos e mais duas velas, que deveria acender ao pé de uma frondosa árvore de tentos, ou “olho-de-boi”, lá no Morro do Imperador. Uma vez acesas as velas, colocaria suas moedas junto, faria um pedido e podia ir embora; mas, deveria subir pela encosta do morro, do lado da cidade, dentro da mata, de madrugada, antes do sol nascer.

Pensou, com seus botões: isso será fácil, pois andar no mato, não lhe traria problemas, estava acostumado e quanto ao horário, sem problemas, mas, ir sozinho, sem prática para tais despachos macumbíferos, isso o estava preocupando, afinal, não era afeito a tais práticas.

Acordou por volta de três horas e fez as contas da caminhada de sua casa até a entrada da mata, ao sopé do Morro. Estava bom, dava com sobras para fazer seu despacho e voltar antes do sol nascer, visto estar ainda no inverno.

Estava escuro quando começou a subida. Levava um facão para melhor progredir na mata. Já estava bem lá no alto quando avistou tal árvore. Cismado, olhando por todos os lados, tirou as velas do bolso, agachou-se para acendê-las. Velas acesas ia metendo a mão nos bolsos para sacar as moedas, quando viu, bem ao lado da árvore, dois olhos vermelhos se destacarem na escuridão, à luz das velas. Tremendo de medo, ficou paralisado quando viu surgir na sua frente uma onça, dessas jaguatiricas, comuns na região. Foi ela dar um rosnado e nosso “despachante” rodar nos calcanhares e descer numa desabalada carreira, morro a baixo, deixando cair seus tostões pelo caminho. Correu tanto, que caiu ao tropeçar numa raiz saliente e rolando foi parar numa grande plastra mole de cocô de vaca. A onça, esta correu em sentido contrário, assustada com os gritos do Fritz.

Dizem que tal caminho foi batizado de “trilha do tostão”, devido a esse fato acontecido.

Quanto ao nosso herói, esse chegou em casa, assustado, cansado e fedendo, jurando que nunca mais se meteria em coisas do Além, completando:

Dinheiro, só trabalhando.

VICENTE DE PAULO
Enviado por VICENTE DE PAULO em 03/08/2012
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