Um Falso Padre em Pendura Saia
Fazia um bom tempo que não escrevia nada sobre os moradores de Pendura Saia e hoje me deu saudade deles e penso que eles de mim então resolvi contar mais um causo sobre eles, espero que gostem.
Nos meados dos anos sessenta os habitantes de Pendura Saia, eram muito amigos uns dos outros. Mais também em uma cidade que não passava de um pequeno povoado enterrado no interior de Goiás não poderia ser diferente, porque todo mundo conhecia todo mundo. Foi nesta época que apareceu por lá um novo morador. Por nome Osvaldo que quando as pessoas iam conversar com ele, dizia minha graça é Osvaldo mais podem me chamar de Valdo. Como também dizia para todo mundo da cidade que havia sido padre mais que havia abandonado a batina por amor a sua pobre mãezinha que estava muito doente e que não tinha filho além dele e para não ficar longe dela, havia pedido afastamento da igreja.
Os habitantes de Pendura acreditaram nele, pois lá todos achavam que ninguém mentia como também no alto da cabeça bem no redemoinho era pelado como era uso entre os padres daquela época. Com isso ninguém de Pendura pensou em ir até a Diocese lá na comarca para saber a veracidade dos fatos simplesmente acreditaram em Valdo e o receberam de abraços abertos e portas das casas abertas para ele.
Com isso, ele passou a falar com os moradores da cidade que as crianças de Pendura eram todas muito mal educadas que precisava receber uma educação firme e com base nos dogmas da igreja e os pais acreditaram ele, pois desejava o melhor para os seus filhos. Só que, ele disse que só iria ajudar se tivesse carta branca para poder ensinar boas maneiras e bons modos para as crianças e os pais deram.
No começo, ele só chamava atenção das crianças ralhava e as mandava para casa quando as pegava brincando na rua. Como os pais depositaram muita confiança nele, Passou ir até as casas e chamar atenção até mesmo bater, mesmo na presença dos pais. Dizia que era parte da educação que estava ensinando a elas. Nem todos os moradores de Pendura Saia achava correto esse forasteiro de nome Valdo ensinar seus filhos e entre eles estava Bento o dono do armazém. Um dia ele foi até o armazém, conversando com seu Bento disse.
-O senhor tem duas filhas?
-Tenho sim!
-A filha mais velha do senhor brinca muito na porta da rua.
-Brinca sim, mais como fico aqui no armazém direto estou sempre de olho nela e nas outras crianças. Como também sei que as crianças precisam brincar e interagir com as outras crianças, isso faz parte do crescimento e preparação para a vida adulta.
-Mais para educar um filho, principalmente uma menina é precisa de pulso forte, e de ajuda de outra pessoa.
Seu Bento suspirou fundo, passou a mão no rosto antes de responder e disse,
-Seu Valdo, me desculpe se vou ser rude, mas aqui na minha casa quem tem obrigação de educar nossas filhas sou eu e a patroa. Quando precisar dar broncas eu dou. Se alguma das duas precisar de um corretivo mais sério como algumas palmadas a mãe delas dá, porque mãe bate com amor. Não preciso de ajuda de ninguém para educar nossas filhas eu e a Helena estamos mais do que satisfeito da maneira que a educamos.
-É mais crianças precisa de pulso forte.
-Seu Valdo já disse que não precisamos de ajuda. Outra coisa o senhor nem ouse tocar em uma das minhas filhas porque se isso acontecer à coisa não irá ficar bem. Estamos entendidos? Então boa tarde e passar bem, estou com o estabelecimento cheio de clientes.
Estava no armazém do seu Bento o seu Zé da Horta o pai de Tavinho. O menino que havia caído na privada. Ele disse para seu Bento.
-Bento, te admirei agora, você foi bem firme com esse homem. Coisa que não foi, ele anda interferindo demais da conta na educação do Tavinho. Já andou batendo nele na minha presença não gostei mais a patroa disse que o Tavinho anda meio quieto, não anda fazendo muita arte e nem teimando muito.
-Zé toma, tendo, toma tendo homem, não deixe esse homem que nem sabemos direito quem é, se falou a verdade ou não quando chegou aqui mandar em sua casa e em seus filhos.
Zé da Horta coçou a barba e disse
-Bento, queremos o melhor para nossos filhos e tanto eu e a patroa somos fraco nos estudos não somos como você que é instruído, esse Valdo parece ser muito instruído também.
-Sei não Zé, sei não.
Zé da Horta foi embora cuidar de suas obrigações.
Com o passar dos dias após essa conversa Zé da Horta em um final de tarde após o trabalho duro da roça, foi até o armazém trocar um dedo de prosa com o Bento, pois andava muito preocupado com filho que andava muito calado, triste, já não sorria mais, estava muito pálido, com a barriga crescida, parecendo menino cheio de lombrigas. Quando chegou lá no armazém ele disse
-Bento vim aqui porque estou precisando muito de conversar e de uns conselhos e a meu ver, você é a pessoa certa porque somos amigos.
-Me sinto honrado com a sua consideração. Mais diz logo do que se trata.
-É que estou achando o Tavinho estranho de uns dias pra cá. Aliás, desde quando o Valdo exigiu que ele fosse a sua casa diariamente. Todas ás vezes que ele volta de lá, a carinha dele está muito triste. Já o ouvi chorando a noite. Fui até o quarto dele, saber o que era, me disse que tinha tido um sonho ruim e acordou chorando.
Bento coça a barba, pensa antes de falar e diz.
-Zé, também já notei que ele não sorri mais, está sempre muito calado, triste. Até comentei isso com a Helena, ela me disse homem não se mete nisto, deixe que os pais dele vejam. Mais penso que o melhor que você tem a fazer é levá-lo até a comarca para ser examinado pelo doutor Marcos.
-É, acho que você tem razão.
-Se você quiser podemos ir amanhã bem cedo, preciso ir até lá para resolver uns negócios do armazém com o guarda livros.
-Bento, te agradeço por você ter oferecido para nos levar.
No outro dia bem cedo, eles foram para a comarca, lá chegando, seu Bento foi direto para a casa de doutor Marcos que era muito seu amigo. Contou o acontecido a ele, no que ele disse,
-Vamos para o hospital, porque podemos conversar mais a vontade e fazer exame neste rapazinho e ver o que ele tem.
Chegando lá, doutor Marcos conversando com o Zé da Horta fazendo perguntas mais perguntam a ele, quando Tavinho em um descuido deles, sai correndo do consultório médico, foram pegá-lo já fora do hospital, doutor Marcos pediu para ficar sozinho com ele. Passando mais ou menos uns vinte minutos ele abriu a porta e os chamou, foi logo dizendo,
-O que aconteceu é que essa criança vem diariamente sendo molestada sexualmente.
Seu Bento e Zé da Horta só não caíram porque estavam sentados.
Bento recuperou do choque e perguntou ao médico
-Marcos como isso se deu? Em Pendura Saia não existe esse tipo de gente. Nunca ouvimos falar nada a respeito. Não pode ser! Deve ter algum engano.
-Não tem engano não amigo Bento! Tavinho me contou que um tal de Valdo chegou por lá e foi logo querendo educar todas as crianças, acabou levando-o até sua casa e lá o molestava todos os dias. Quando acabava mostrava um revolver e dizia.
-Se você contar qualquer coisa para alguém mato todos da sua casa, te levo comigo e acabo com você aos poucos.
No que Zé da Horta levanta e grita
-Vou matar aquele desgraçado com minhas próprias mãos.
Neste meio tempo em que eles estavam na comarca, Valdo vai até a casa do seu Zé da Horta todo bravo querendo saber onde estava Tavinho que ainda não tinha aparecido na casa dele naquela manhã para as devidas lições e ensinamentos do dia. Dona Amália em sua inocência disse
-Ele foi com o pai mais o seu Bento até a comarca. Zé foi levá-lo ao médico.
-Médico pra quê?
-Estamos achando que ele está doente, anda sem apetite, muito abatido. Zé foi tirar conselho com o seu Bento que o aconselhou a levá-lo no médico.
Valdo ficou lívido, suando muito.
Dona Amália perguntou se ele estava se sentido mal. Disse que não que precisava ir. Chegando a casa, foi até um vizinho e pediu o cavalo dele emprestado para ir até a fazenda do seu Antenor para ter um dedo de prosa com ele. Montou no cavalo e se mandou de Pendura Saia para outro rumo.
No caminho de volta para Pendura Saia, seu Bento foi conversando com Zé tentado acalmá-lo. Nada o acalmava então seu Bento disse a ele
-Vou desviar um pouco a jepe e passar na fazenda do Antenor para ver uns negócios com ele. Chegando lá, seu Bento o chamou em um particular e contou o corrido a ele e disse.
-O que vamos fazer? Não podemos deixar o Zé matar o safado porque se não ele irá para a cadeia. Como também penso que esse caso não há necessidade de ninguém ficar sabendo lá em Pendura. Porque é muita vergonha para o Zé a família dele saber que aquele safando fez ao filho dele.
-É Bento você tem toda razão. Vamos entrar e conversar com o Zé. Vamos dar um jeito nisto. Conversaram com ele e acertou que ninguém mais deveria saber do ocorrido e que o safado iria tomar rumo. Chamou Tavinho e explicou a ele que não poderia contar isso para ninguém. Somente seu pai e sua mãe iriam saber. Que assim como ele havia guardado segredo até agora que guardasse para sempre. E que ele poderia ficar tranqüilo que ninguém mais iria fazer aquela coisa feia com ele de novo.
Foram todos para Pendura, seu Antenor levou uns homens seus de confiança e disse a eles chegando lá vocês vão fazer um trabalhinho para mim. Irão dar sumiço naquele Valdo. Quando chegaram ficaram sabendo que o homem havia dito que tinha ido para sua fazendo para conversar com ele. Seu Antenor disse
-Então ele tomou o rumo da fazendo do Isidoro. Vão, pega o homem e de o sumiço, não quero saber como sumiram com ele.
Eles foram e sumiram com ele mesmo. E nunca mais se ouviu noticias deles pra bandas de Pendura. Mais seu Bento andou perguntando na Diocese da comarca sobre o ex - padre Osvaldo e acabou descobrindo que ele nunca havia sido padre só usava os dogmas da igreja para fazer das suas safadezas e que era procurado pela policia de várias comarcas. No que seu Bento pensou não irão achá-lo nunca, pois esta sumido e muito bem sumido.
Este acontecimento ficou guardado muito bem guardado entre as pessoas envolvidas e ninguém em Pendura não ficou sabendo só estranhou o Valdo ter ido para fazenda do seu Antenor não ter chagando lá e nem voltado para Pendura. Todos em Pendura dizia que assim como ele apareceu em Pendura desapareceu sem deixar saudade. E quanto a Tavinho, fez tratamento com o doutor Marcos para não ficar traumatizado. Seu Bento fazia questão de levar dona Amália e ele toda semana até a comarca. Com muito amor e carinho de seus pais ele superou mais esse trauma que sofreu.
Lucimar Alves