OS NAMORADOS (QUANDO O MEDO “SE TORNA REALIDADE”)
Eles estavam em frente a casa dela, um casal de namorados que, atualmente, é menos comum de se verem parados nos portões das casas. Ele havia acabado chegar e ela notou que seu semblante estava enrijecido. Ela logo se antecipou no cumprimento como tentativa de deixá-lo mais calmo.
_ Oi amor. – Disse ela.
_ Amor o cacete. Sua vagabunda do caralho! Quem você pensa que eu sou? Em sua vadia? Eu te vi ontem abraçada com um carinha e logo depois entrou no carro dele. Estava indo pra onde sua filha da puta? Ia dar pra ele em alguma esquina é sua cadela? Você é tão filha da puta que nem se preocupou de sair com alguém longe daqui... – Ele dizia em meio a gritos de raiva.
_ Do que você está falando? Que carinha? Onde?
_ É tão cadela que se faz de santa. Vai me dizer que é mentira que você estava abraçada com um maluco moreno lá no estacionamento do supermercado lá embaixo? E que você ainda entrou no carro dele. É mentira minha? Você é uma vagabunda, uma porca imunda. Pra quantos mais você dá em sua cadela? Tava indo pra onde com ele? Ia dar o cuzinho igual você dá pra mim vadia filha da puta? E que carro é esse na garagem? Ah não acredito... é o mesmo carro de ontem. Cadê ele? Chama ele ai sua vagabunda.
Neste instante apareceu um rapaz moreno saído da porta de vidro que escondia o quintal da rua. Segundos depois, a janela da sala, logo ao lado, abriu-se e um senhor apareceu seguido de uma senhora. Ela chocada, ele com expressão de pedra.
O namorado deu um passo para frente como quem fosse passar por cima de quem estava em sua frente para enfrentar, aos socos, o rapaz moreno que vinha em direção ao portão. Ela deixava cair algumas lágrimas e estava vermelha. Algumas pessoas na rua permaneciam paradas observando o ocorrido enquanto o namorado continuava com as ofensas gritadas.
_ Melhor se acalmar rapaz. – Disse o senhor pela janela.
_ Sua filha não vale nada... – E foi interrompido com um estrondoso grito de sua namorada que parecia estar em chamas de ódio:
_ Já chega! Cala sua boca! Ele é meu irmão! Meu irmão! – Saiu correndo para dentro de casa e foi seguida pelo irmão. A janela também se fechou. E ele ficou parado, olhando para as grades de ferro do portão...