O Padre e a Confissão

Após 25 anos, na despedida,

o padre, triste da vida,

e claro, quase a chorar,

lembrava o seu primeiro dia,

onde na sacristia havia

muita gente pra confessar.

__ Tive, daqui, uma má impressão,

pois na primeira confissão,

quando a ouvi, eu me assustei.

A pessoa me confessava

que pra se drogar, roubava

até dos pais. Apavorado, fiquei.

Confessou, sorrindo, a traição

da esposa do patrão

nos seus braços, toda manhã.

E a confissão mais séria:

transmitiu uma doença venérea

para a sua própria irmã.

Mas, continuou falando,

com o tempo fui observando

gente boa, gente responsável.

A paróquia foi crescendo

coisas boas acontecendo...

Esqueci a confissão desagradável.

E digo que estou sentido

deveras muito entristecido

por ter de ir embora.

Fui muito feliz, agradeço

pelo carinho e apreço,

mas tenho de deixá-los, agora.

Nisso chega o Prefeito

trazendo junto ao peito

o presente da comunidade.

E pede a atenção, um segundo,

e diz, pra todo mundo,

seu discurso improvisado.

__ Peço desculpas, estou atrasado

e, também, emocionado,

nesta ocasião sem par.

Nunca vou esquecer o dia,

pois ali, naquela sacristia,

fui o primeiro a confessar...