GOIABADA
Após o rachinha no campinho de terra, pertinho de casa, vejo uma movimentação grande na entrada, moleque curioso só de short, chinelo de dedo, tênis coisa rara poucos tinham, jogávamos com uma bola de capotão marrom, só tinha ela e seu dono tinha que jogar, sendo bom ou não, quase todos os meninos da vila, tinha um machucado ou uma cicatriz no pé, aproximo e vejo minha avó materna sendo levada ao hospital.
Desesperado, corri atrás do carro para tentar salvá-la, sem nem saber do que se tratava, quando desisti de perseguir o automóvel, vieram ao meu encontro, era choro puro, de dor, minha avó indo embora, pela idade sabíamos que não demoraria muito.
Quando minha tia que ficou em casa para cuidar de tudo veio tentar me consolar, disse que não era nada, só um susto, deu-me água com açúcar para acalmar fez-me um cafuné e perguntou sobre o jogo, como se aquela mulher soubesse alguma coisa de futebol, dei de ombros e perguntei o que ela tinha, disse que não sabia e ofereceu-me um doce, minhas lágrimas cessaram como num passe de mágica, aceitei de pronto e ela fez o que todo moleque da cidade duvidaria que fizesse; mandou-me escolher qualquer um em qualquer tabuleiro, tinha de tudo, mamão, laranja, limão, de leite, o meu preferido, bolinhas de queijos, meus olhos brilhavam, não sabia qual escolher, família de doceiros, fabriqueta caseira de doces, estava no paraíso escolhi como todo moleque escolheria, pelo tamanho, uns quatro tipos e sai.
Já na rua novamente, dividi em algumas mordidas com os moleques que sobraram e entre soluços, contei o que se passara, na verdade, não sabia o que estava acontecendo e eles sabiam menos ainda. Entrei e desta vez fui tomar banho, água quente na bacia, primeiro o rosto, depois os braços, tronco, partes intimas e por último os pés, já com a água tão suja, que não se fazia diferença com a sujeira, por isso começa-se pela cabeça, short limpo, camisa também, fiquei a esperar meu pai.
Ele chegou, se inteirou sobre o acontecido e fomos para o hospital, parou no mercado, e comprou de presente para sua sogra, uma goiabada em pedaço, lançamento da linha diet light, própria para diabéticos, embrulhado em um papel pardo, fomos visitá-la, ao chegarmos fiquei feliz da vida ao saber que tinha sido apenas uma crise de diabetes, como se entendesse alguma coisa a respeito.
Meu pai, com a maior parcimônia, fez as vezes de servir o doce, encima de uma pequena mesa, desembrulhou o papel pardo, cortou um pedaço para cada e deu o de minha avó, que alegria, iria comer doce, de novo, não cabia em mim tanta felicidade quando tomei o susto. Minha avó começou a gritar, que meu pai era um assassino, que a estava matando para ficar com o dinheiro, ele a estava envenenando com o doce, corre corre de médicos e enfermeiras, freiras e visitas, um verdadeiro pandemônio, meu pai no canto disparava: - velha neurótica, tô fazendo um favor, dando o doce que tanto gosta e olha o que recebo em troca, tive que comprar este por ser light e não ter açúcar e olha só a vergonha que to passando.
Tudo calmo, o médico veio ter com meu pai; - fica assim não, faz parte da idade, esclerose chegando, a tendência é piorar, uma doceira de 70 anos de idade, você da um produto com aspartame que é amargo, ela achou que o Sr colocou veneno, mal sabe ela que suas intenções eram boas, mas agora não vai o senhor dar doce de verdade para ela, porque aí sim, o senhor a matará.
Após o rachinha no campinho de terra, pertinho de casa, vejo uma movimentação grande na entrada, moleque curioso só de short, chinelo de dedo, tênis coisa rara poucos tinham, jogávamos com uma bola de capotão marrom, só tinha ela e seu dono tinha que jogar, sendo bom ou não, quase todos os meninos da vila, tinha um machucado ou uma cicatriz no pé, aproximo e vejo minha avó materna sendo levada ao hospital.
Desesperado, corri atrás do carro para tentar salvá-la, sem nem saber do que se tratava, quando desisti de perseguir o automóvel, vieram ao meu encontro, era choro puro, de dor, minha avó indo embora, pela idade sabíamos que não demoraria muito.
Quando minha tia que ficou em casa para cuidar de tudo veio tentar me consolar, disse que não era nada, só um susto, deu-me água com açúcar para acalmar fez-me um cafuné e perguntou sobre o jogo, como se aquela mulher soubesse alguma coisa de futebol, dei de ombros e perguntei o que ela tinha, disse que não sabia e ofereceu-me um doce, minhas lágrimas cessaram como num passe de mágica, aceitei de pronto e ela fez o que todo moleque da cidade duvidaria que fizesse; mandou-me escolher qualquer um em qualquer tabuleiro, tinha de tudo, mamão, laranja, limão, de leite, o meu preferido, bolinhas de queijos, meus olhos brilhavam, não sabia qual escolher, família de doceiros, fabriqueta caseira de doces, estava no paraíso escolhi como todo moleque escolheria, pelo tamanho, uns quatro tipos e sai.
Já na rua novamente, dividi em algumas mordidas com os moleques que sobraram e entre soluços, contei o que se passara, na verdade, não sabia o que estava acontecendo e eles sabiam menos ainda. Entrei e desta vez fui tomar banho, água quente na bacia, primeiro o rosto, depois os braços, tronco, partes intimas e por último os pés, já com a água tão suja, que não se fazia diferença com a sujeira, por isso começa-se pela cabeça, short limpo, camisa também, fiquei a esperar meu pai.
Ele chegou, se inteirou sobre o acontecido e fomos para o hospital, parou no mercado, e comprou de presente para sua sogra, uma goiabada em pedaço, lançamento da linha diet light, própria para diabéticos, embrulhado em um papel pardo, fomos visitá-la, ao chegarmos fiquei feliz da vida ao saber que tinha sido apenas uma crise de diabetes, como se entendesse alguma coisa a respeito.
Meu pai, com a maior parcimônia, fez as vezes de servir o doce, encima de uma pequena mesa, desembrulhou o papel pardo, cortou um pedaço para cada e deu o de minha avó, que alegria, iria comer doce, de novo, não cabia em mim tanta felicidade quando tomei o susto. Minha avó começou a gritar, que meu pai era um assassino, que a estava matando para ficar com o dinheiro, ele a estava envenenando com o doce, corre corre de médicos e enfermeiras, freiras e visitas, um verdadeiro pandemônio, meu pai no canto disparava: - velha neurótica, tô fazendo um favor, dando o doce que tanto gosta e olha o que recebo em troca, tive que comprar este por ser light e não ter açúcar e olha só a vergonha que to passando.
Tudo calmo, o médico veio ter com meu pai; - fica assim não, faz parte da idade, esclerose chegando, a tendência é piorar, uma doceira de 70 anos de idade, você da um produto com aspartame que é amargo, ela achou que o Sr colocou veneno, mal sabe ela que suas intenções eram boas, mas agora não vai o senhor dar doce de verdade para ela, porque aí sim, o senhor a matará.