AR PURO.
Apareceu-me um convite para um passeio a Maria da Fé MG. Chegando lá fui a uma outrora e linda cachoeira destas que poderia ser referência turística. Mas o que vi foi de uma frustração terrível. É que um criador de porcos fez um enorme chiqueiro bem na cabeceira da queda d’água . Onde poderia banhar e nadar tornou-se enorme açude de água fétida .
Na volta paramos em São Lourenço. Adentramos ao Parque das Águas e bebemos as ferroginosas, alcalinas e magnesiánas . Deslumbramos com as paisagens bucólicas, respiramos um ar puro. Aqueles momentos deixaram-nos contentes em todos sentidos. Minha netinha birrou e quis uma volta de charrete, como era domingo, a procura superava a oferta. Preço salgado, mas às vezes pagamos caro por um capricho, principalmente para ver uma criança feliz. Sobrou-nos uma charrete desconjuntada de acabamento tosco com um cavalo esquelético,foi o jeito, já que estávamos de passagem e o tempo era curto. Transitávamos à beira de um ribeirinho e sentíamos um odor insuportável e atípico, perguntei o charreteiro se era do ribeirinho o mau cheiro, explicou-me que o animal estava muito doente com problemas intestinais e pisaduras em carne viva em seu lombo. O animal só empreendia velocidade na base das chicotadas, então pedi para não bater no pobre animal, mas disse-me que era impossível, pois era domingo e precisava faturar para saldar compromissos. Paguei-o e descemos antes do combinado. Lembrei-me de um pensamento de São Francisco de Assis: “O homem justo é aquele que compadece até dos animais.” Não tenho virtudes de santo, mas um mínimo de sensibilidade.