O GALO E O CROCODILO
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Recontando Contos Populares
"O conto popular, como um documento vivo, transita do oral para o escrito, cumprindo o seu papel de revelar e perpetuar costumes e crenças de um povo."
Um dia o crocodilo, o rei dos rios pantaneiros, resolveu ir visitar o seu amigo galo. Não teve espera, pôs-se a caminho. Sabendo da visita do amigo crocodilo, entusiasmado, o galo mandou preparar um grande banquete. O crocodilo era o rei dos rios pantaneiros. Tinha de tratá-lo bem.
O crocodilo apreciou muito o banquete e, no final, disse-lhe:
— Amigo galo, rei dos cantores, tratou-me com todo o requinte. Estou-lhe muito agradecido. Agora vou retornar a minha casa e gostaria de levar uma lembrança deste dia.
— A tua visita foi uma honra para mim. - respondeu o galo. - Pede o que quiseres.
— É muito simples, quero as penas da tua cauda para poder fazer um lindo chapéu. Todos hão de perguntar-me onde o arranjei. E eu responderei que foi oferta do meu amigo galo. O pedido do crocodilo entristeceu o galo, que em vão tentou convencer o amigo a aceitar em troca de suas penas as de papagaio ou de outras aves.
Mas o crocodilo foi irredutível e recusou:
— Ó meu amigo, não queiras comparar as tuas penas com as desses animais! E, sem mais cerimônias, o crocodilo atirou-se à cauda do galo, arrancou-lhe as penas e partiu com o seu troféu nos dentes.
O galo ficou furioso. Envergonhado não teve outro remédio senão esconder-se até que as penas lhe crescessem de novo. Recuperado o seu antigo orgulho, decidiu retribuir a visita ao amigo crocodilo. Escolheu as galinhas e os frangos mais fortes e corajosos para acompanhá-lo e partiu.
O crocodilo, querendo retribuir a excelente recepção tida no reino do seu amigo galo, não se poupou a esforços para preparar uma extraordinária festa aos visitantes. Enfeitou-se todo e serviu um requintado banquete. No final o galo agradeceu ao crocodilo aquele acontecimento inesquecível:
— Amigo crocodilo, desejo-te muita saúde. Porém, antes de partir, peço-lhe uma recordação.
— Muito bem, muito bem! - exclamou o crocodilo. - Poderei negar alguma coisa a um amigo como você?
— Sabe! - prosseguiu o galo - quero a tua pele para me proteger dos meus inimigos.
Meio confuso e atrapalhado, o crocodilo ofereceu ao galo uma pele de antílope ou até mesmo de um leopardo.
— Como é que podes comparar essas insignificâncias com a tua pele linda e temível? Ela zomba das lanças e das flechas, que apenas lhe fazem cócegas nas escamas. E, sem esperar resposta, o galo e sua comitiva atiraram-se ao crocodilo com os seus bicos afiados. Despiram-lhe a pele e puseram-se em fuga, direto para casa. ®Sérgio.
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