A Piracanjuba e o Arco-íris
“...negativo com negativo dá sempre positivo..”
Contador de causos precisa ter muita imaginação. Meu Pai, conhecido como Chico Português, era uma dessas pessoas. Lógico que tinha herdado esses dotes de meu Avô (João Português) que era exímio contador de “Causos”. E eu, com aproximadamente 4 anos de idade, estava dando os primeiros passos para ficar com esta fabulosa herança. E o pior: O avanço extraordinário da tecnologia parece ter ofuscado a presença desse pitoresco personagem, e me vejo na condição de não ter para quem deixar esse humilde instrumento cultural. Até parece que as coisas não acontecem mais. Mas na verdade o ”corre corre” da vida moderna é que não deixa espaço. A Mídia se encarregou de assumir tal tarefa (embora cobre muito caro por ela). O que não é importante para ela é “deletado”. E a Cultura Popular fica no prejuízo.
Vale dizer que morávamos num sitiozinho que minha Mãe havia recebido de seu avô, Noratinho, como herança. Aquele que já descrevi quanto contei : “A Capivara e a Melancia”. Pois bem... Vivíamos de bem com a natureza. As águas do Rio Capivara serviam para o banho, para matar a sede dos animais e eventualmente a nossa, para as pescarias de onde tirávamos boa parcela das nossas proteínas. Com armadilhas, habilmente construídas, pegávamos: Curimbas, Campineiros, Pacus, Piavas, Piracanjubas (“Pracanjuva”) e muitos outros de menor porte.
Pois bem... Sempre fui muito curioso, como toda criança é, mas o diferencial estava na figura Paterna que também era portadora da mesma virtude e muito criativo. Quando não sabia inventava. Nunca deixou ninguém sem resposta.
O presente relato deu-se numa dessas tardes quentes e úmidas de Janeiro. Quando, de repente, do nada formam “nuvões”, parecidos com algodão, que rapidamente escurecem e viram pancadas fortes de chuva. Tão rápidas como chegam se afastam e vão molhando a terra em frente, deixando espaço para o Sol que parece voltar mais quente.
Então, depois de uma dessas pancadas memoráveis, as nuvens se afastaram para Leste em direção ao Rio Capivara e mais distante Roseta (na época distrito de Maracai e hoje Paraguaçu Paulista). O Sol brilhou com toda intensidade permitida pelo Criador e formou um extraordinário arco-íris. Foi ai que minha curiosidade levou ao meu pequeno Patriarca a simples pergunta: Pai!!! O que forma um arco-íris???. E a resposta veio tão rápida que parecia que o interlocutor tinha mestrado de doutorado no assunto: Ele é uma “mangueirona” que o Criador usa para encher as nuvens que acabaram de se esvaziar com a chuva que há pouco caiu... Fiquei então, pasmo, observando e o cérebro infantil deve ter atingido 8 000 rpm. Pai!!! Subiu pelo Arco-íris uma “ baita pracanjuva”!!! Naturalmente e, sem se perturbar, respondeu com voz forte, como era de seu feitio: LARGA DE SER MENTIROSO, ANTONIO!!! (oldack/11/12/010 -postado em 11/07/012)