O SAPO CANTOR
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Recontando Contos Populares
Durante toda esta minha vida ouvi muitos causos. Dos que gostei, tem este que vou reproduzir conforme aconteceu. Foi o seguinte:
No tempo em que os animais falavam, certo caboclo, fazendeiro para os lados do sertão de Minas, vendo um sapo que cantava sobre uma pedra, agarrou-o e o levou para os filhos, a fim de que se divertissem.
As crianças, depois de obrigarem o sapo a cantar várias músicas, começaram a maltratar o anfíbio. Por fim, já cansadas de fazê-lo sofrer, decidiram matá-lo.
— Vamos amassar a cabeça do sapo com um pau! – gritavam.
E o sapo respondia:
— Minha cabeça é dura como ferro!
– Vamos rasgar o sapo com faca!
E o sapo:
— Me corpo é fechado pela proteção de São Jorge e nada me mata!
— Vamos esmagar o sapo com uma pedra!
— Isso só irá me fazer cócegas!
— Vamos jogar o sapo na lagoa! – concluíram os meninos.
E o sapo, que era muito esperto, começou a chorar e a implorar:
— Pelo amor de Deus! Na lagoa não! Queimem-me vivo, mas na lagoa não! Se me jogarem na lagoa eu morro rapidinho!
As crianças, mais do que depressa, pegaram o sapo, correram pra lagoa e, felizes pela maldade, jogaram o sapo n’água. O sapo deu um belo mergulho, voltou à tona e, rindo das crianças, gritou: – Seus bobos! Eu sou bicho d’água! Eu sou bicho d’água!
É por esse motivo que, quando os antigos viam alguém recusar algo de que gostasse muito, diziam:
— Esse é sapo com medo d’água... ®Sérgio.
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