Trogloditas.
Em 1989 a população brasileira estava em festa, pois era ano de eleições diretas para presidente da república depois de mais de trinta anos. À esquerda representada pelo Lula chegara ao orgasmo ideológico. Em novembro de 89, passei no comitê “Brasil urgente Lula Presidente”, apanhei material de campanha e fui visitar meus pais no Nordeste de Minas Gerais associando o útil ao agradável. Nas paradas para café e refeições ia distribuindo panfletos e se possível o convencimentos aos mais resistentes. De repente em um vilarejo, parada para café um indivíduo brutamonte aparece com um panfleto na mão e gritando:- “ quem é que está espalhando este comunista aqui?” Formou-se uma plateia a favor do troglodita. A coisa foi ficando feia e já esperava chute e pescoções, foi então que um passageiro do meu ônibus, fortão, óculos escuro, cara de mau, mostrou um porta documentos com o brasão da república e falou enérgico: - “ policia federal ! Deu um ultimato:- ou se resolve essa bagunça ou vão todos presos até a delegacia mais próxima”. Foi como jogar água no fogo. Embarcamos e eu foi lhe agradecer. Ele disse-me:-“esses matutos entendem tanto de comunismo quanto de polícia! Sou comerciante em Salvador e esse porta documentos comprei de um camelô na Av Paraná em Belo horizonte.” Um crime me salvou de outro crime. A falsidade ideológica foi minha salvação naquele momento.
Lair Estanislau Alves.