O HOMEM QUE VENDEU A ALMA AO CAPETA

No passado foi muito comum ouvirmos comentários a respeito de homens que vendiam a alma ao diabo em troca de riquezas. Lendas criadas por sertanejos, muitos dos quais escravizados pelos patrões, homens poderosos que subiam na vida à custa dos pobres coitados que lhes prestavam serviços recebendo ninharias pelo árduo trabalho nas lavouras de café e outras tantas que enriqueciam os coronéis.
Geralmente quando o caboclo tinha talento e coragem de trabalhar, as vezes até explorando seus subordinados indevidamente, e começava subir na vida, logo surgia o assunto que ele teria feito um pacto com o tinhoso, e que possuía um capetinha preso num vidro. Com a forma física de um mosquito. O capetinha permanecia preso e só era solto pelo dono para executar as tarefas diabólicas exigidas por ele, isto até completar o tempo estipulado pelo pacto que era assinado com o próprio sangue do contratante e colocado no vidro junto ao demo, permanecendo até o dia da entrega de sua alma.
Coronel Pretório era muito rico e teria vendido a alma em troca de inúmeras fazendas, com imensas lavouras de café, grande rebanho de bovinos e eqüinos e dinheiro que não acabava mais. Esta era uma dedução, justificando sua riqueza, que as más línguas pregavam pelas redondezas. O homem ficou famoso e se tornou referencia no sertão. A casa grande da fazenda tinha uma sala secreta que só ele entrava nela, a chave, ele a mantinha pendurada na cintura. Sua esposa era louca para saber o que escondia no interior da sala, tentou de toda forma arrancar dele o segredo, nunca conseguiu. Era incrível como o homem conseguia tanto dinheiro para pagar seus vultosos negócios. Certamente teria algo referente aquele compartimento secreto.
Certa noite enquanto marido e mulher conversava na cozinha, houve um grande estrondo na sala secreta, apavorado ele se escondeu dentro dum caixão de madeira onde se guardava arroz em casca. A mulher em pânico tentou convencê-lo a sair do esconderijo, não conseguiu, um forte fedor de chifre queimado e enxofre invadiram a casa, perdurando a noite inteira.
Logo pela manhã ele saiu do caixão e bastante assustado com o olhar de pânico, convenceu a esposa nada dizer com respeito ao ocorrido. Ao meio dia chegou a sua casa um homem bem vestido portando uma valise preta tão brilhante que não se conseguia fixar nela o olhar, tamanho era seu brilho. Após uma conversa com o desconhecido, Pretório chamou a esposa abriu a sala secreta e a ordenou entrar nela. --Porque eu-, se durante anos você nunca permitiu que eu adentrasse agora depois do que ocorreu ontem à noite queres que seja eu a entrar aí, vá tu? – Não tenha medo mulher entre e traga-me um pequeno frasco que está dentro de um baú! Nele está um pequeno objeto pertencente a este cavalheiro. Entrando na conversa disse cavaleiro: - Se tu pensas que me entregando zefeu, estará tudo acertado entre nós, está muito enganado! Retrucou o estranho-, vim apenas avisar que, terá duas semanas para me entregar o que foi combinado. Os milhões que ganhastes em nossas jogatinas foram facilitados para que a partir do vencimento, me entregue o que combinamos ou voltem, os milhões, todos aos cofres do inferno. Primeiro vais entregar-me teus bens materiais um por um e no final do tempo combinado, teu corpo e tua alma. Zefeu não te obedeceu este tempo todo cumprindo o pacto? Agora chegou tua vez, tu preparas daqui a duas semanas estará tudo liquidado, ou restará apenas teu baú vazio.
Tudo bem doutor lúcifer, mas quero apenas uma explicação sua aquele estrondo ontem à noite, que quase me matou de susto e aquela catinga horrível de chifre queimado e enxofre? – K.K.K.K. K-, há, há, há! Que me matar de rir! Aquilo foi apenas um pum que o zafeu soltou... Imagina cinqüenta anos preso no seu baú-, como tu pensas que ficava o gás na barriga dele?
Geraldinho do Engenho
Enviado por Geraldinho do Engenho em 25/06/2012
Reeditado em 25/07/2020
Código do texto: T3743659
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