O MENINO E A FLOR

Sonja estava decidida. Saiu, foi até um destes “vendedores” e comprou o tal chumbinho. Passou no mercado, trouxe uma garrafa de vodca. Voltou pra casa, escreveu uma carta se despedindo de todos, depois encheu um copo e virou de vez. Mais um e mais um.

A seguir, tirou do bolso o pote com o veneno. Pensou no abandono. Nos sonhos. Na vida. Mas, mesmo pensando na dor que causaria, ela não suportava a dor do divórcio.

Neste exato momento, uma voz infantil chamou no portão. Sonja “acordou” do momento e foi atender. Um menino, rostinho redondo, olhos vivos e um breve sorriso pediu: “Moça, me dá esta flor?”; Foi aí que ela reparou que havia uma flor no seu jardim, tão abandonado desde o “desastre”; Sonja viveu aquele momento como uma mensagem que mesmo em meio à dor e o abandono, aquela roseira não se furtou em produzir o que tinha de melhor... Lentamente foi, retirou delicadamente a flor vermelha e deu ao menino. Ele agradeceu e se foi, deixando um sorriso em lágrimas olhando além do que via.

Ao virar a rua na esquina, o menino ouviu uma voz: “Tenha mais cuidado da próxima vez. Suas asas quase apareceram”.