ASSOPRA MANÉ
Coisa de criançada do sitio quando começa a ir à escola, alem das lições da primeira professorinha, também aprende, e com uma facilidade muito grande, a lição dos marmanjos, aqueles moleques maiores que ensinam tudo que não presta (ou que é bom demais) as crianças mais inocentes.
Ritinha, Zequinha e o Mané entraram para o primeiro ano na escolinha do bairro onde moravam, naquele tempo a professora se desdobrava na sala de aula e geralmente ensinava alunos de varias séries, neste caso a professora dava aula para a primeiro, segundo e terceiro ano primário pois a escola era nova no bairro e ainda não tinha o quarto ano, assim inevitavelmente os novos alunos acabavam ficando a mercê dos moleques e meninas maiores, alguns já adolescentes e acabavam aprendendo safadezas, que por incrível que pareça, assimilavam com tamanha facilidade.
Neste caminhar juntos para a escola e atiçados pelos colegas surgiu um namoro inocente entre a Ritinha e o Zequinha mas nos bastidores do recreio os meninos acabaram enchendo a cabeça do Zequinha do ate então, desconhecido desejo de transar com Ritinha, igualmente as meninas mais velhas incendiavam por outro lado, a inocente Ritinha e o tempo foi passando.
Decididos resolveram fazer a experiência, mas deveria ser num lugar onde ninguém pudesse ver, a menina era vergonhosa e por outro lado, o sequinha também,a apesar do nome, era um garoto muito tímido. Depois de tudo acertado, Mané que era o irmão de Ritinha ficou de ajudar no encontro amoroso, visto que também estava de olho na irmã de Zequinha e sugeriu que o encontro acontecesse dentro do Caixão de arroz lá na Tuia, (antigamente era costume guardar o arroz da safra em enormes caixões nas tuias ou paióis de onde era tirado para o consumo e no ano seguinte, quando da colheita de nova safra, vendiam o arroz velho que sobrou do consumo para guardar o arroz da nova safra), lugar escuro e que ninguém iria sequer desconfiar.
Depois de algumas ponderações, assim ficou tudo decidido, a transa aconteceria dentro do caixão de arroz e Mané ficou de ajudar no encontro e como o lugar era escuro, decidiu levar o um tição do fogão, pois uma lamparina correria sério risco de despertar curiosidade dos pais, coisa de criança, pois imaginem ele saído de casa com um tição acesso, mas assim fez e por sorte ninguém viu.
La estavam Zequinha, Ritinha e o Manuel com o tição que aos poucos foi se apagado, se recobrindo de cinzas e escurecendo o ambiente e na tentativa de penetração, inexperientes que eram, Zequinha só pedia para o Manuel
__ Assopra Mané! Assopra Mané!
Foram infelizes pois o irmão mais velho de Ritinha que por acaso passava por ali ouvindo aquele ruído vindo do caixão acabou descobrindo a safadeza dos pilantras espatifando todos dali, só não sobrando sopapo pro Zequinha que mais rápido que um serelepe, saltou por cima do caixão e fugiu, deixando Ritinha e Manuel em maus lençóis e o causo só não foi pior que por dó da irmã, não foi levado aos conhecimento dos pais, mas tinha Zequinha em suas mãos e a qualquer desrespeito logo apelava para o: Assopra Mané.
No futuro acabaram se casando e com certeza na verdadeira lua de mel não teve tição em brasa e nem o apelo ao cunhadinho mais novo: Assopra Mané.