VOAR AINDA É O MELHOR NEGÓCIO

e souza

Paulão, como era conhecido pelos amigos lá do Piauí, era funcionário de um político do mesmo Estado. Viajavam ele e seu patrão de São Paulo para Piauí, mas a aeronave fez uma escala em Brasília, enquanto esperavam novo embarque resolveram bebericar um bom uísque e entre um copo e outro não ouviram as várias chamadas para o próximo embarque. “já que perdemos, vamos continuar bebendo”. Para a infelicidade de 133 passageiros a aeronave despencou lá de cima, por motivos óbvios não vou dizer o nome da companhia. Ele só ficou sabendo no dia seguinte e se apressou em ligar à sua esposa e o diálogo foi mais ou menos assim: - Alô Zilda? Sim... – Zilda, chama a Belinha. Dona bela não tá não. – Sou eu, o Paulão. Seu Paulo??? Mas o senhor morreu ontem... – Zilda, eu não morri... – Mas seu Paulo, deu na TV e eu acredito naquele moço que dá as notícia... Como é mesmo o nome daquele bonitão? – É Sergio... – Viu? É esse mesmo, até o senhor sabe... – Zilda, onde a Belinha foi? – Sabe seu Paulo ontem foi um inferno nessa casa, todo mundo chorando, tava triste, mas dona Bela foi logo dizendo; ’não adianta mais ficar aqui chorando’, e foi tratar dos documento pra receber a indenização e enterrar seus resto... – Zilda pelo amor de Deus, eu não morri. – Tá vendo como morreu!? O senhor nunca falou em Deus, dizem que quando a gente morre vira anjo e sai falando o nome Dele pra tudo que é lado e... – Zilda meu amor, veja bem, eu perdi o voo ontem. – Seu Paulo, veja bem o senhor, tanto é anjo que já tá até me chamando de meu amor, os anjo são gente boa, o Padre Bento..., o senhor conhece o Padre Bento? – Não. – Pois é, ele sempre fala pra gente rezá pras alma das pessoa, é bom sabia? – Sabia Zilda, sabia, mas agora escuta uma coisa, eu não morri, você me ouviu? – Vi sim, seu Paulo eu sei que o senhor... Seu Paulo agora que é anjo, como é que eu te chamo, de senhor ou de você? – De nada Zilda, de nada. – Seu Paulo eu tenho respeito pelos morto, quero dizer, anjos. – Zilda, por favor... – Sim seu Paulo, eu vou continuar rezando pro senhor, mesmo sabendo que não deu o aumento que eu pedi, mas comprou um cachorro pra dona Bela, tudo bem eu perdoei. – Zilda, eu não preciso do seu perdão. – Tá vendo?! Bastou tá do lado do Altíssimo que já tá se achando... – Meu bem eu estou do lado do deputado. – É eu sei, o nome dele também tava na TV. Ele tá bem melhor aí né? Pelo menos vai parar de meter a mão no bolso do povo. Ele tá bem? – Tá te mandando prá ... – Diz pra ele que num to nem aí, eu não votei nele mesmo e aqui em casa ninguém votou nele. Pronto falei. Seu Paulo o senhor votou nele? Agora já pode contar. – Tá bem Zilda, se é esse seu desejo, eu morri mesmo! Tá contente agora? - Minha Nossa Senhora dos avião despencado, to falando cuma alma do outro mundo! Minha mamãezinha me livra disso! (ploc. tu, tu, tu...). Bem, lá no Piauí está tudo bem, um calor danado! Dona Bela não recebeu a milionária indenização, mas ganhou um pé no trazeiro. A Zilda continua frequentando a paróquia do Padre Bento, mas perdeu o emprego. O Paulão se aposentou e vive (bem vivo) em São Paulo e não quer mais saber de aviões. Já o Deputado... Este aí ninguém sabe, pelo menos até as próximas eleições.

edsontomazdesouza@gmail.com

E Souza
Enviado por E Souza em 20/06/2012
Reeditado em 26/07/2014
Código do texto: T3735135
Classificação de conteúdo: seguro