DOIS CAIPIRAS ALCOÓLATRAS

Manoel João e João Manoel eram irmãos gênios, filhos caçulas de Chico Formão, sobrenome correspondente a profissão do pai, o mais famoso carpinteiro daquela vasta região rural produtora de cereais e de creme de leite. Terra Fértil, cortada pelos carros de boi.

Chico criou sua numerosa família com muita honra e dignidade tirando o sustento de seu oficio na arte da carpintaria, e com muito orgulho por ser a profissão abraçada por São José o pai adotivo de Jesus. Foi o melhor carpinteiro daquelas paragens. Fabricava tudo que o meio rural exigia. Carro de boi, monjolo, roca de fiar, urdideira, miadeira, tear e tantos outros instrumentos que moviam o seguimento rural. Seus filhos mais velhos foram apenas uma dúzia, se casou, cada um seguindo seu destino espalhados naquele imenso sertão sem eira nem beira. Todos honestos e trabalhadores. Espelhados no exemplo do pai se deram bem na vida como colonos e camponeses.

Restou o velho Chico a esposa Balbina, e os filhos gêmeos, morando naquela aldeia sertaneja, de costumes primitivos, donde a economia local era sustentada pela natureza com a criatividade e a auto-suficiência da própria comunidade. Vindo de fora apenas o sal o querosene alguns produtos manufaturados. As Ferramentas rudimentares em sua maioria eram fabricadas artesanalmente a ferro e fogo pelos ferreiros e funileiros moradores na localidade.

Com o falecimento dos pais os dois gêmeos decidiram se mudar para uma cidade grande em busca de melhores condições de vida. Ambos herdaram do pai o dom da carpintaria e com certeza dariam bem no centro grande. E foi o que ocorreu. Em pouco tempo se tornaram famosos na arte como bons profissionais. Ganharam a confiança dos empreiteiros da construção civil e o dinheiro vinha em abundancia. Só que bebiam tudo. Gastava na bebida toda a féria da semana. Mal sobrava para a comida. Viciados na bebida procuraram uma ajuda psicológica para se livrarem do vicio. Foram aconselhados a se separarem, uma vez que juntos não conseguiram se curar. João Mnoel despediu do irmão com muita dor no coração e partiu para a capital, por La se ajeitou, casou e conseguiu sua casa própria. Alguns anos mais tarde já com certo recurso financeiro, ele comprou um carro zero tirou sua carta de motorista e foi visitar o irmão Manoel João. Chegando a cidade todo elegante esnobando seu carro novo foi direto ao bar onde eles costumavam beber, em busca de informação do irmão. O encontrou debruçado na mesa mais bêbado do que um gambá. – sacudiu o irmão e disse: - o que isso mano vinte anos sem nos ver eu te encontro na mesma situação cara! Por que não fizesse como eu larguei de beber, me casei tenho família casa própria comprei este carro zero! E você aqui na mesma?- Tô na meesmaa não mano to fliiz in tivê! “Vamo pra casa, paocê vê ieu casei tameémm tenho ua boa casa, muié e fio, e carro novo na garaje”!!! – Não acredito como? -Se você bebeu o tempo todo como afirmou nosso amigo Dicò dono do bar? –Uai vendeno as garrafa da cachaça qui ieu isvaziêi nesses vinte anos, inda pratiquei um gesto de cidadão, coloborano cu mei ambiente!

Geraldinho do Engenho
Enviado por Geraldinho do Engenho em 18/06/2012
Reeditado em 28/08/2012
Código do texto: T3730323
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