Adolescente astuto

No bairro onde eu morava havia uma prostituta que satisfazia a galera toda. Ela se chamava Vicentina e tinha o apelido de pisquinha.

Por ser um bairro muito pequeno e afastado da cidade, ninguém tinha televisão ou outra diversão, nós ficávamos perto da linha do trem até lá pelas 23 h nos dias de semana.

Certo dia, estávamos batendo aquele papo e escutamos uma conversa misturadas de homens e mulheres.

Logo nos veio à cabeça que se tratava da tal fulana com dois homens.

Eles com certeza já haviam feito o que tinham que fazer e, estavam apenas conversando sentados no dormente e bebendo pinga com groselha e comendo pão com mortadela, era o que deduzíamos por ser algo que ela gostava muito.

Os dois eram casados. Suas esposas eram senhoras de muito respeito; boa dona de casa e excelente mãe de família. Agora os homens eram verdadeiros canalhas neste sentido, embora fossem trabalhadores e honestos.

Um amigo nosso comentou:_ Estou com uma vontade danada de dar uma trepada!... Faz mais de uma semana que eu não encontro com a pisquinha, estou em seco. A minha vontade é de ir até lá e tomá-la deles; portanto, não gosto violência e também não posso manchar a minha reputação.

Eu como sempre, modéstia à parte fui astuto e criativo, disse-lhe:

_Pois eu sou capaz de tirá-la das mãos daqueles dois sem usar de violência; quanto você me paga?

O rapaz disse-me:_ Eu lhe pago CR$ 50,00 pelo serviço, cruzeiro era o dinheiro daquela época, "embora eu não acredite que você será capaz" Eu acrescentei:_ Aguarde e verás.

Fui até aonde eles estavam, e, como sou ator, cheguei perto deles

cambaleando e falando com a boca mole, fingindo de bêbado.

Eu tinha 15 anos naquela época, mas era considerado capetinha

pelas travessuras que eu aprontava.

Me aproximei deles e falei: _ Tomei umas mais e peço pra você, querida Vicentina que era seu nome verdadeiro; faça-me o favor de me levar para minha casa porque eu não estou conseguindo caminhar sozinho. Ela gostava muito da minha mãe porque ela uma

das que não tinha ciúme dela; conquanto que as outras não podiam vê-la que começavam a provocá-la.

Ela disse aos dois que ia me levar porque ela devia muita obrigação para mim. Ela sempre ia buscar verduras e legumes na nossa lavoura. Os dois concordaram com uma condição. Que ela fosse e voltasse, caso contrário eles davam-lhe um corretivo.

Fomos caminhando, assim que percebi que já estava bem distante dos dois, eu falei baixinho para ela: _ É tudo mentira, não estou bêbado nada. Foi o Gilberto que mandou eu vir e tirá-la você daqueles dois. Gilberto era o homem que ela amava. Toda mulher e homem são assim; não é preciso eu explicar: Podemos transar com centenas, mas amor mesmo, a gente só por um. E eu sabia que ela não trocava o Gilberto por mais ninguém. Os outros meus amigos ficaram escondidos e o cara que estava afim de tirar uma, não era o Gilberto coisa alguma. Somente ele estava a nossa espera.

Assim que chegamos, ela queria uma explicação, não gostou nada de ser passada por boa, arrancou os grampos do cabelo e como uma louca , veio em minha direção. Eu para me defender, peguei em uma de suas mãos e dei uma torcida, infelizmente ela caiu nas pedras da linha se machucando um pouco.

Os dois homens escutaram o alarido, vieram correndo com intenção de me bater quando, o cara que mandou que eu fosse atrás dela, arrancou de uma garrucha e apontou para eles, dizendo:_ Homens canalhas, sem vergonha. Se vocês relarem a mão no Wilson, eu queimo vocês.

Só sei dizer que foi uma confusão dos diabos, os outros que estavam escondidos, apareceram e puseram os dois pra correrem.

O rapaz não comeu a pisquinha naquele dia e nem também me pagou que havia combinado, mas eu o perdoei, por dois motivos:

1º porque ele não realizou seu desejo, 2º, porque ele me defendeu. Se não fosse ele, eu teria apanhado muito.

Portanto , eu fiz o que fiz o que pude. Pena que não deu cero.