Fui preso inocente

Eu morava na fazenda merendá, distante da cidade de Guararema, 6 quilômetros aproximadamente. Como eu não gostava da roça; todo sábado eu ia à cidade e pousava na casa do meu tio. Às vezes filava uma boia; às vezes eu jantava no restaurante.

O marido da minha tia sempre comentava que tinha um sobrinho muito bonzinho que morava em São José dos Campos com o seu pai que era separado.

Sua mãe residia em Guararema. Para explicar melhor. Eu era sobrinho da esposa dele. Eu o chamava de tio, por respeito. Portanto, o sobrinho dele, não era meu primo.

Até um dia aparece esse sobrinho que ele tanto elogiava, aparece.

Um cara muito simpático, bem vestido, de terno e gravata, algo que não é costumeiro com gente do interior.

O rapaz disse que estava de férias e ia ficar uns dias na casa de sua mãe.

Conversamos bastante, jogamos bilhar, tomamos umas cervejas e...

Fui para a fazenda noutro dia.

Vieram me contar que roubaram as joias de minha tia e das minhas primas e um relógio do meu avô que dormia num quarto separado da casa. Estranho que nesta noite, o rapaz estava dormindo lá.

Meu tio era conferente da estação E. F. C. B.(Estrada de Ferro Central do Brasil) e, estava pernoitando.

Eu fui procurar saber os detalhes, pois considerava muito os meus tios. Minha tia explicou que escutou um barulho no telhado, começou a gritar, e o rapaz saiu correndo dizendo que estava perseguindo o ladrão. Ele estava dormindo no quarto com meu avô. Como é que o ladrão roubou o relógio e foi à casa da minha tia e roubou somente as joias.

Mas ninguém poderia suspeitar que o sobrinho que meu tio tanto elogiava, poderia ser o ladrão!

Ela fez uma promessa para São Longuinho, o único santo que te na cidade, que quando alguém perde algo, é só pedir para o santo e dar três pulinhos, lenda que criaram na cidade.

Ela disse ao santo que não queria as joias de volta, mas queria saber que mera o ladrão.

E nesta noite, eu fui à Guararema, e o cara continuava na casa da minha tia comos e nada tivesse ocorrido. Me convidou para sair jogar bilhar e tomar umas de leve.

Assim que ele entro uno bar, entregou uma faca para o proprietário do estabelecimento, dizendo: tem ladrão por aí; já roubaram a casa do meu tio e estou andando armado para me defender.

Jogamos algumas partidas, eu como sempre ganhava porque era viciado; para ganhar e mim tinha que ser quase profissional.

Pagamos a conta e saímos. Era quase 0,h, horário bem tarde para um meio de semana, principalmente para quem vai trabalhar no dia

seguinte.

Eu queria ir para a fazenda Merendá, mas ele insistiu dizendo que era muito perigoso; porque os ladrões estavam as soltas.

Insistiu tanto que eu fosse dormir à casa da minha tia. Como percebi que ele havia bebido um pouco a mais, ficava alterado por pouca coisa; para não contrariá-lo, aceitei.

Chegamos e, ele gritou para minha tia dar pouso para mim alegando o perigo que eu correria andar a sós naquela hora da noite.

Minha tia manda eu dormir nos pés do meu avô e o sobrinho do meu tio foi dormir à casa de sua mãe.

Explicando: como o meu avô temendo que o ladrão voltasse, passou a dormir na casa da tia, e não mais separado com antes.

Quando eu estava pegando no sono, aparece o cara gritando: _tia,

tia. Eles me pegaram...

Todos nós levantamos assustados e, ele picado de facas, com uns cortinhos no braço, dizendo que 4 mascarados o assaltaram e o bateram. Minha tia manda eu ir com ele até a delegacia.

Fui até ao banheiro lavar o rosto, minha prima me entrega uma faca para nos defendermos acaso encontrássemos os ladrões.

Eu mui idiota, sem experiência, enfiei a arma branca na cintura e fomos a tal delegacia.

Puxaram a fixa do cara, ele tinha passagem por roubo. Como eu estava como o ladrão e ainda armado; os policiais meteram nós dois em cana.

Quase que apanhei. Fiquei com tanto medo porque era época da ditadura; se até agora, a polícia quando cisma, tortura inocente; quanto mais naquela época!

Só não fui torturado porque os policiais eram meus conhecidos e, experientes como eram, perceberam que eu estava falando a verdade. Passei uma madrugada preso até clarear o dia. Escutei o marido de minha dizer: _ O loirinho eu boto o dedo no fogo por ele.

Ele não é meu sobrinho, é sobrinho da minha mulher; agora esse jovem quando morava com a mãe, aqui, era boa gente, mas depois foi para São José dos Campos, já não posso mais garantir...

Se vocês fossem na estação, eu teria resolvido esse problema, e o loirinho estava livre de passar uma noite detido sem dever crime nenhum.

O delegado lhe entrega a faca e perguntou se arma lhe pertencia, pois se tratava de uma faca de cozinha.

Meu tio disse que sim. Havia procurado para cortar pão e não havendo encontrado, pôde deduzir o Porquê eu não havia aparecido naquela noite.

Só sei dizer que o ditado nem sempre é certo: " me diga com quem tu andas, que eu digo quem tu és."

Eu fui contra a minha vontade na delegacia com o mal caráter, mas como eu devia obrigações para minha tia, não poderia negar um pedido dela.

Minha tia não recuperou as joias, mas descobriu o ladrão. o cara confessou tudo. Esperou o tio ir trabalhar a noite para facilitar o furto.

Só sei dizer que minha tia ficou feliz por descobrir o verdadeiro culpado para não acusar pessoas inocentes.