Triste fim de um rapaz brilhante!

Theo Padilha

Mais uma vez tivemos que omitir um nome, apesar de fazê-lo contra a nossa vontade. Que o nosso principal personagem nos perdoe. São coisas da nossa literatura. Podemos dizer que o conhecemos muito. Sem sombras de dúvidas, convivemos com todos os seus irmãos e irmãs. Com esses jogamos futebol no campinho da estação. Com as irmãs nos sentamos nos bancos escolares tavorenses. Formavam uma bela família. “Tradicional Família” como diria um de nossos amigos. Alguns de seus irmãos já faleceram, outros são advogados, professores, aposentados e homens de negócios.

Quando viemos para cá em 1959, seus pais residiam bem próximos da estação ferroviária e os nossos pais moravam no pátio da estação. Seus pais foram proprietários de fábrica de bebidas. Logo depois donos de hotel. Entre os cinemas do Suly e do cine Caiçara. E ali nós crescemos. Todos os dias no campinho jogando bola ou no cinema e nas matinês. Álvaro como o chamaremos aqui, era filho de pai português e sua mãe era descendente de polonesa.

Álvaro era um garoto boa pinta e jogava muito bem. Tinha dribles arrasadores e sempre fazia gols. Era sempre requisitado por todos os times da cidade no início. Toda a nossa região o queria nas suas equipes. Chegou a disputar campeonatos por Santo Antonio da Platina PR. Escreveu o seu nome no futebol regional.

Muito cedo perdeu os seus pais. Alguns irmãos se foram em busca de seus sonhos. Ele ficou.

Depois dos 18 anos foi trabalhar no banco. Banco do Estado do Paraná. Fez uma ótima carreira. Apareceram muitas mulheres na sua vida. Ele era considerado um galã. Namorou muito.

Entretanto, como jogador de futebol, acabou gostando das noitadas. E não demorou a cair nos piores vícios. Da bebida foi para as drogas. Agora, só as falsas mulheres o abraçavam. Dizem que um acidente e um namoro rompido foram a causa de sua caída. Veio a terrível depressão. Álvaro se fechou no seu quartinho. Os seus amiguinhos ali lhe traziam bebida e cigarros. Era o fim de um brilhante rapaz. Seus aposentos eram tristes. Tudo coisas velhas. Só um fogareiro, onde fazia seu almoço. Quando ganhava alguma coisa. Assim mesmo ele era risonho e brincava muito com os amigos que iam lhe ver.

Por volta do ano de 1988. Álvaro sumiu. Ninguém sabia de seu paradeiro. Estávamos acostumados com suas hibernações. Apesar de residir no centro da cidade. Onde nascera. Nunca nos passou pela cabeça que aquele rapaz fizesse alguma loucura.

Um forte odor de elevado estado de putrefação levou os transeuntes da avenida a buscar de onde vinha aquele terrível cheiro. A porta de seu quarto foi arrombada. E lá estava o seu tétrico corpo decomposto que havia se enforcado com uma corda. Já fazia vários dias. Uma inconcebível perda. Foi um choque para a cidade. Foi o fim de mais uma vida.

Joaquim Távora, 31 de maio de 2012. All the rights by Theo Padilha©comunications.

Theo Padilha
Enviado por Theo Padilha em 31/05/2012
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