Quando se casaram, foi lindo.
Ela menina ainda, em flor.
Viviam felizes, sorrindo.
A própria essência do amor.
O tempo passou... três anos.
E já tinham três rebentos.
Um filho pra cada ano,
e, também, arrependimento.
Acabara a menina em flor.
Parecia mais um maracujá.
E a mãe tomou-lhe a dor,
dizendo: não dá, não dá.
Vamos fazer o seguinte:
vocês vão dormir separados.
Hoje você tem quase vinte,
amanhã terá isso triplicado.
Olha só para você
não tem viço, não tem brilho.
Isso tudo, sabe o porquê?
É que todo ano nasce um filho.
Estou tomando esta atitude
pensando no seu futuro.
Senão, você perde a saúde
nem cria os meninos, eu juro.
Você vai dormir comigo.
Seu marido com o seu pai.
Vai ser difícil o que digo,
mas com jeito a coisa vai.
A velha cuidou de fato
da delicada situação.
Olhos vivos, bom olfato,
nada lhe escapava, não.
Então se passaram três anos...
A menina linda, uma flor.
E salvo alguns desenganos,
tudo ía bem, sim senhor.
Numa tarde, fechou-se o céu.
Tudo escureceu de repente.
Foi aquele escarcéu
amedontrando àquela gente.
Trovão, relâmpagos, ventania,
raios... o mundo ía acabar.
Virou noite em pleno dia.
O dilúvio chegou ao lugar.
Com medo do fim do mundo,
a mãe esqueceu o cuidado.
E numa questão de segundos
os casais estavam grudados.
Mas Deus trouxe a bonança...
Nove meses. E a surpresa.
Em coro, o choro das crianças...
Trigêmeos, ora só que beleza.