O coroné e o mineirim

Se encontram numa barbearia,

em tempos de eleição,

dois inimigos que um dia

já lutaram pela mesma razão.

O coroné, político abastado.

O mineirim, caipira de verdade.

Sentaram-se lado a lado.

Fazer a barba. era a necessidade.

Os barbeiros silenciosos...

Melhor ficar bem calado.

Estavam tensos, nervosos.

O coroné só andava armado.

Terminaram a barba dos clientes

ao mesmo tempo, pois é.

Oferece-se, então,educadamente

a loção pós barba pro coroné.

Mas fica com o braço esticado

pois falou grosso, o coroné:

Não quero, muito obrigado,

se sentir o cheiro a minha muié

vai achar que eu fui bulir

em algum pervertido cabaré.

E passou, então, a rir

do mineirim, já de pé.

Que não se fez de rogado

dizendo: Uai, popassá, sô, minha muié

num cunhece esse chêro docicado,

ela nunca trabaiô num cabaré...