O Ciume e a Inveja
“... Porque será que a galinha do vizinho é sempre mais gorda?...”
Uma das fortunas que conquistei em Ilha Solteira, meu Reino encantado, chama-se Sílvio Caldiron. Nunca soube e nem tive interesse em saber que escolaridade tem. Só sei que trabalhava na CESP na área de desenhos e, muito mais importante, o seu elevado censo de humor apoiado numa exuberante criatividade. Onde não tinha detalhe ele colocava detalhe. Não tinha cor, ele punha cor. Onde tinha desânimo ele colocava entusiasmo e assim o mundo ao seu redor ia ficando alegre e belo. Só para exemplificar, foi criador da marca registrada: SORVETERIA DO MESTRE. Com esses instrumentos colocava em prática sua filosofia. Certa feita, lá estava ele brincando de pensar e me saiu com essa: Existem dois pecados no ser humano que lhe causam irritação. O Ciúme e a Inveja. Tem gente que acha que tudo é a mesma coisa, mas não é. Ciúme é a compulsão que temos de perder aquilo que amamos ou nos é imprescindível. Se usado com maestria, como tempero, até pode ser positivo. Já Inveja, é a compulsão de ter o que é do outro, quase sempre se torna negativa e até devastadora. É própria do ser Humano. Todos têm em menor ou maior grau. Às vezes fica a vida toda em estado de dormência e nunca germina. Mas se aparece, sai de baixo! Na História, por exemplo, os Gauleses tinham ciúmes de suas florestas repletas de javalis. E os Romanos, apesar do poderio bélico, tinham inveja da inteligência e de como os Gauleses a usavam para manter sua posse. Então,meu amigo referindo-se aos invejosos de sua cidade, no caso Ilha Solteira, (parece que as outras cidades não fogem à regra) disse que gostaria de pregar-lhes uma lição. Para isso, precisaria ganhar uma bolada boa na Loteria (naquele tempo a Loteria Esportiva). Sem ninguém saber, como sempre é auspicioso, continuaria vivendo normalmente mas, pouco tempo depois, abriria uma portinha especializada em vender “aguia” (aguia mesmo sem acento). “ Aguia” de costurar saco, “aguia” de máquina de costura, de aplicar injeção, de crochê e outras mais que no momento a ignorância me impede de chegar a bom termo. Com o “secreto e milionário capital de giro” faria crescer em pouco tempo um fantástico estoque. Milhões de “aguias” de todos os tipos, tamanhos e materiais (ouro, prata, aço, aço inoxidável etc). Seis meses depois compraria um fusca usado, pouco depois o trocaria por um semi-novo (é bom saber que estávamos numa época em que carro mesmo que fosse da marca “fusca” dava Status). Em pouco tempo já um Corcel usado (da Ford), depois um Opala (da GM), mas Zero Km. Contando o tempo, já poderíamos dizer que havia se passado pouco mais de um ano da inauguração da extraordinária e bem sucedida casa de comércio. E daí já dava pra contabilizar os dividendos da lição que nosso Herói pregara nos invejosos da cidade. Só na Av. Brasil (Norte e Sul) nossa cidade já contaria com nada menos de dezessete lojas especializadas na venda de AGULHAS. (oldack/18/05/012). Tel. 018 3362 1477.X
PS. Sílvio! Por favor, dê um abração no Millôr Fernandes...