EU E A POMBA

Um temporal se formava lá fora.
Saí para dá uma olhada no tempo.
Ao desviar meus olhos para o lado,
Deparei-me com uma pequena pomba
(aqueles pássaros cinzas).
Ela estava esparramada no chão -
Ainda em penugem.
Apanhei e tratei de alimentá-la.
Imaginei o nosso futuro: ela andando pela casa;
Mexendo em minhas coisas...
Coloquei-a no meu peito e ela se sentiu
Aconchegada e eu me senti solidário;
Um solidário que não sei definir,
Pois no fundo, não tinha certeza se
Não arrancaria as asas dela - para que não
Fosse embora -, quando estivesse apta para voar.
Nesse pensar, já me sentia egoísta e, assim,
Não estaria sendo solidário, e sim, um senhor
Que se acha dono de tudo...
Olhei de soslaio e constatei que esse pensar era reflexo
Da massa corrompida.
A pombinha não deixou algumas coisas acontecerem:
Morreu no terceiro dia...


Valdon Nez
Valdon Nez
Enviado por Valdon Nez em 16/05/2012
Reeditado em 19/10/2020
Código do texto: T3670652
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