O Velho e as Ninfetas
O Velho e as Ninfetas
“... tudo que é saboroso ou belo, ou faz mal para saúde ou então é pecado...”
Como previ, começaram chegar as primeiras correspondências eletrônicas trazendo sugestões para “Causos”. Tomarei a iniciativa de manter no anonimato os meus colaboradores. Por duas razões: Se o “Leitorado” gostar pode advir uma popularização, normalmente indesejável. Se não gostar, certamente virão as espinafrações, muito menos desejáveis. Assim sendo usarei o expediente dos antigos filmes da “20th. Century Fox: Os personagens deste Causo são fictícios. Qualquer semelhança com pessoas vivas ou mortas e mera coincidência”. Mas o colaborador sabe que estou falando dele. Aproveitaremos para apresentar uma prova viva do choque de gerações, um fenômeno muito comum entre os Humanos. Pretendo também não “puxar a brasa para sardinha” de ninguém. Deixo de lado a beleza, o perfume, a alegria e o amor à vida dos Jovens e também a serenidade e a sabedoria dos Velhos. Mas vamos lá...
Certa feita um Velho sitiante (82 anos) resolveu dar uma volta pela sua propriedade na parte dos fundos onde corria um caudaloso ribeirão protegido por uma densa mata ciliar. De pontos em pontos podia se ouvir o rumor de água de corredeiras e pequenos saltos. A Natureza sempre se incumbe de colocar junto às quedas de água pequenas piscinas naturais. Como a vegetação havia sido recuperada, já há mais de 30 anos, era constituída de infinitas espécies de árvores, mas com grande quantidade de frutíferas. Lá se encontravam goiabeiras, mangueiras, limoeiros, seriguelas, jabuticabeiras, enfim um verdadeiro pomar silvestre. Nosso herói levava um balde porque os pássaros nunca davam conta da abundância de tanta fruta. Repentinamente, junto com o ruído das águas misturou-se o som de algazarra de crianças brincando numa das piscinas naturais. Esse ruído é de uma beleza que só perde para uma orquestra de pássaros. Mas, a bem da verdade, não se tratava de crianças. Eram jovens moças, sete ou oito, amigas de duas filhas de um grande amigo e vizinho seu. Pelo ruído era mesmo um belíssimo espetáculo. Mas quando visualizou o bando na parte raza da piscina percebeu a visão era de uma beleza muito mais extraordinária. Todas estavam completamente nuas. Parou e ficou encantado com a cena. Quando perceberam, motivadas pelo susto, se jogaram como se fosse um bando de capivaras, para as partes mais fundas do lago. Ficaram apenas de cabeça de fora. Uma das mais velhas e filha de seu amigo vizinho, teve mais coragem e gritou: “...cai fora velho safado. Enquanto não for embora daqui não sairemos. Não vamos servir de enfeite para as fantasias de um tarado e velho sem vergonha!!!...” Surpreso não só com a visão paradisíaca mas também com a reação do grupo, foi auxiliado pelo seu Anjo da Guarda que estava de plantão. Mostrou balde e falou: “... não estou interessado em ficar vendo um bando de meninas peladas. Vim apenas trazer uma barrigada de leitoa para os jacarés que são de minha estimação e os crio nesta lagoa...” Como por milagre e sem que pudesse medir a relação tempo velocidade, saíram e passaram por ele que, mesmo que quisesse ver algum detalhe mais belo do espetáculo era impossível. Afastou-se e foi embora continuar a sua colheita de frutos, sem saber como as encantadoras figuras voltaram para apanhar suas roupas que estavam no momento, aos seus pés... (oldack/18/03/012).