A Pescaria
Mas não é só no interior que tem bons ¨causos¨. Na cidade, também. E nesta Sabará bonita de se ver anda cheio deles. Como a pescaria do Nereu. Quem não se lembra do Nereu? Com seu jeito travesso, traquina, brincalhão, sempre de bem com a vida e com o seu bordão:
_Qui coisa, né, qui coisa, sô.
Pois o Nereu desceu pro Rio das Velhas, no encontro do Rio Sabará, próximo a Ponte Grande. Era tardinha. Alegre e serelepe parou de assobiar quando viu as caras desanimadas do João Português e do Rodin, seu filho caçula.
_Qui coisa, né, qui coisa, sô.
_Ora Nereu, tamos indo embora... os peixes num querem nada com gente pobre hoje não._Falou João Português.
Nereu preparou a vara, colocou a isca.
_Qui coisa, né, qui coisa, sô. Cês num sabem é pescar.
E jogou a linha com força gritando:
_Este peixe é pra família dos Oliveira.
Nem bem a linha roçou a água e m belo puxão. Veio um dourado criado, duns três quilos. Jogou a linha novamente.
_Este peixe é pra família dos Correa.
Outro puxão, outro dourado maior ainda. Jogou novamente.
_Este peixe é pra família dos Araújo.
Um mandi, peixe sumido daquele rio, veio se debatendo. E assim foi pescando pra todas famílias ricas de Sabará. Satisfeito e ante o espanto do Português e o caçula, ele comentou:
_Qui coisa, né, qui coisa, sô... até peixe puxa saco de rico.