Ditinho... Não fale comigo!
Ditinho aquele dia estava impossível, levou uma broca na escola, tirou nota baixa, comeu doces antes do almoço, esqueceu de entregar as encomendas do monsenhor Marcondes, tava todo atrapalhado. Mamãe deu um pito nele de fazer dó. Ficamos só de olho, difícil foi segurar o riso ao ver sua fisionomia entristecida.
Quando ele nos viu caçoando da bronca bem dada da mamãe, ele ficou vermelho, parecia que soltaria faísca pelas ventas.
Vai já pra seu quarto dormir Ditinho! Ordenou mamãe processa.
Ao passar por nós, sussurrou! Não falem comigo mais seus, seus, seus energúmenos...
Chegando a nosso quarto Ditinho deve ter se lembrado que na manhã seguinte teria que acordar bem cedinho para levar as encomendas do monsenhor... Dorminhoco como ele, jamais conseguiria acordar cedo sem que um de nós o despertasse.
Turrão como ele, ao invés de pedir diretamente para nós preferiu deixar um bilhetinho escrito: Mano, por favor, me acorde as 05h30min, pois tenho que fazer um servicinho para mamãe, gosto muito de vocês, mas isso não significa que vou conversar com vocês!
Para encurtar a história... Já era quase dez da manhã quando Ditinho olhou no relógio e percebeu que havia perdido a hora, levantou desesperado praguejando os irmãos que saíram e nem para acordá-lo. Para sua surpresa, quando ia abrindo a porta, um bilhete pendurado na maçaneta dizia:
Ditinho, nós também gostamos muito de você, sei que não conseguiremos ficar muito tempo sem prosear, pois você é hilário. Estamos deixando este bilhete para lembrar você que hoje tem que acordar as cinco e meia e levar as coisinhas do Padre, não esqueça heim, nós te amamos muito. Marcos e Milton, seus manos.