NA COZINHA COM RAQUEL DE QUEIRÓZ

Aos dezesseis li o QUINZE...

O enredo o vento levou para omitir, o tempo apagou, mas ficou o sabor adocicado da companhia.

Ensismesmada, naqueles idos avaliei a obra e reconheci na autora, uma artista das palavras.

Imaginei, para feitura do livro, todas as letras vieram enfileiradas reverencia-la.

Construi uma RAQUEL soberana, um verdadeiro sultão.

No meu sonho lúdico a escritora escolheu ao teu bel prazer, as frases mais belas e naquele harén de palavras com formas perfeitas a escritora brincou algumas horas e o livro ficou pronto.

ANOS MAIS TARDE...

Assistia uma reportagem, o atrativo era RAQUEL DE QUEIRÓZ, às voltas com quitutes do nordeste, ela disse em bom tom:”Não gosto de escrever, gosto de cozinhar”

Fiquei estarrecida, revoltada com tamanho desprezo com as palavras. Virei burro, camelo, vaca, sei lá!

E ruminei, ruminei...

E o Quinze?

Na minha rabugice duvidei, o dito fosse sério.

ALGUNS ANOS DEPOIS...

Adentrei na Universidade. Convencida eu? Imagine!

Rasquei minhas receitas, olhei com desdém o fogão e as panelas, virei-lhes as costas.

Agora as mais belas palavras serão minhas amigas íntimas, iremos conversar e gargalhar nas madrugas.

Estudiosa das Letras, não farei com aquelazinha, as trocaram por algumas goluseimas.

Ah! eu não, jamais as trairei, nem elas a mim!

LEDO ENGANO...

No emaranhado de regras gramaticais, fonemas, coesão e coerência, tópico frasal...

ATÉ HOJE! ANOS PÓS FORMATURA...

As palavras debocham da minha incapacidade de organiza-las.

Me curvo perante a Imortal RAQUEL DE QUEIROZ e assumo:

“Não gosto de escrever, gosto de cozinhar”.