O CAIPIRA E OS GATOS DO PADRE
Padre Antero era pároco de uma pequena cidade no sertão nordestino. Tinha a árdua tarefa de transpor os longos trechos das estradas mal conservadas que traçavam a desolada caatinga castigada pela seca. Montando seu jumentinho ele peregrinava pelos povoados mais distantes do vasto município de sua paróquia, na dura missão evangelizadora levando conforto espiritual ao sofrido sertanejo.
Era muito respeitado, pelo belo trabalho que desempenhava, chegando a ser atribuído por aquela gente sofrida, como um padre milagreiro. Os fiéis buscavam nele atenuantes para os inúmeros problemas que a impiedosa seca lhes acarretava. Amigo de todos os munícipes, o piedoso sacerdote se destacava como a mais respeitada figura daquela cidadezinha interiorana.
Cuidava bem da parte espiritual de sua gente, com admirável capacidade transmitindo fé e esperança aos paroquianos de sua jurisdição. Mas era um pouco descuidado com a sua aparência, para ele, se suas vestes estivessem bem limpas não importava se estavam surradas ou até remendadas, dizia que, para entrar no céu, o foro de Deus bastava estar de alma limpa. Não era como no foro dos homens onde só entram os engravatados, mas muitas vezes de alma suja.
Apenas um pequeno problema passou a denegrir sua imagem. Ele era apaixonado por gato. Conseguiu formar um plantei com numerosos felinos, e o mais incrível cada um tinha seu nome, os mais pitorescos. De inicio correu tudo bem eram pouco mais que uma dúzia. Alguém amigo lhe deu de presente um gatil. Com os comerciantes doando alimentos, em pouco tempo os bichanos se multiplicaram, e o que era apenas um capricho do religioso passou a ser um problema para a população, principalmente para os comerciantes no centro da cidade. Que passaram a não suportar tantos felinos emporcalhando suas mercadorias. Já eram cento oitenta gatos um numero preocupante. Precisavam de uma solução urgente, mas não queriam magoar padre Antero. Reunidos no armazém mais movimentado da cidade alguns comerciantes discutiam com o prefeito local, uma solução para o caso sem que o padre se constringisse. Zé Seridó um caipira bisbilhoteiro que fazia compras no momento, ouviu o assunto, e logo meteu o bico na conversa. - Ó chente soceis quizé ieu tenho um cabrinha meu fii, o bichim é arretado e resorve tudinho procêis visse?- Como assim Zé? – Arrume trabai pu bichim cum padim Antero e dexo resto pu conta Del, cu cabrinha da gota resorve!
E assim o prefeito teve uma conversa com o caipirinha constatando que de fato o pestinha era mesmo esperto. Conversou com o padre ficando acertado que a prefeitura pagaria para o moleque cuidar de seus bichanos. Padre Antero se ausentou durante duas semanas celebrando para seus fieis sertanejos, ao regressar foi direto ao gatil constatando que estava tudo em ordem o moleque cuidou certinho dos animais assim imaginou o padre. Dois dias depois ele entra na farmácia todo arranhado. Comprou um pouco de extrato de quinina voltou a casa e matou seus cento oitenta gatos. Mandou o moleque enterrá-los no fundo do quintal e o recomendou que não dissesse nada a ninguém sobre o fato ocorrido. Foi uma calmaria total na cidade os gatos sumiram de vez. Intrigados com o sumiço da bichanada reuniram novamente, comerciantes e o prefeito, chamaram Zé Seridó e seu moleque querendo uma explicação: - Ieu num diz cu meu bichim era arretado-, conta cabrinha da mulesta qui tu fêis?
- Foi facim dimai da conta, quando padim viajô invêis de dá cumê ieu cortei os bichano no chicote, duas semanas ieu gritava jisuis cristo! Mitia a tala, nufim bastava dizê jisuis cristo! Avuava gato pa tudo quera banda vici?
Quando padim chegô tumei sua bença e falei prele ô gente-, gato num gosta de jisuis cristo! O bichim gosta memo é do demu! Ele num criditô! Levei padim no gatil butei ele La dento fexei a porta e falei-, padim grita jisuis cristo! Ele gritô! – Jesus cristo! – Ispirrô gato pu tudu quera lado trepano tudu inrriba do meu pobre padim! Disisperado quando ele saiu de dentro, tava qui dava dó riscado dasunha de gato, tudu istrgado. Paricia qui saiu da moita de ispim de lobera! A batina...! Tava iguá as páia qui mainha rasgava cus garfo mode nóis Tumá baim!
“O resto Du cunticido ele pidiu segredo, só ele podi cuntá