Vitória trágica

Herança maldita

E foi assim: Um casal apaixonado, um homem trabalhador, três filhos chegaram e foram criados com amor e apesar de todos os problemas, a vida melhorou, uma fazenda comprou.

O pai, cabeça do casal, um empresário inteligente dinâmico, empreendedor fundou uma pequena empresa (fundo de quintal) para fazer temperos. Cresceu produzindo qualidade e com preços competitíveis incomodou gente grande e assim como acontece no mundo capitalista, foi comprada, incorporada.

Tudo bem, ganhou dinheiro fácil na transação, comprou mais terras, mais gado, montou um comercio atacadista de tecidos que foi outro empreendimento de muito sucesso, ganhou mais dinheiro, todos os filhos na faculdade, bem educados, bem comportados, amorosos com papai e mamãe, festinhas de aniversário com muitos convidados, enfim uma vida de classe media alta.

A vida passou, a contagem regressiva funcionou, a idade chegou e sua amada foi embora sucumbindo a uma doença grave. Viúvo rico, homem bem sucedido, carente, pois os filhos cada um procuraram seu caminho e ele viúvo não sabia o que era carinho da família. Com 70 anos bem vividos, com boa saúde procurou aconchego e encontrou. Ela tem 30 anos e ele 70 e foram passear, se divertir e ela bem intencionada ou não, como dizem, fazendo o velho feliz.

Os filhos não concordaram, se amotinaram, se fecharam e o ódio começou a corromper a relação. Numa dessas viagens de uma semana fora na fazenda com nova namoradinha ele retornar e para em frente a sua mansão e bate o farol alto e o portão eletrônico não abre. Ele pega o controle manual e nada. Desce do carro com a chave na mão e percebe que a fechadura havia sido trocada. Percebeu também que naquele momento o mundo inteiro havia desabado sobre sua cabeça. Três filhos, uma sentença.

Ele havia planejado chegar de volta e fazer uma divisão em vida de todos os bens e privilegiar os filhos com o chamado “papel passado” para evitar mal estar, com a sua possível morte prematura. Os filhos não sabiam disso. Fizeram o que fizeram, perderam o amor do pai e certamente vão herdar tudo, mas com um gosto amargo da vitória trágica.

Todos os imóveis com uso fruto vitalícios seriam liberados.

Vida longa ao meu amigo e que os urubus possam se transformar em abutres e que certamente possam morrer vitima do próprio veneno.

Luiz Bento (Mostradanus)
Enviado por Luiz Bento (Mostradanus) em 20/04/2012
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