Futebol, mulher e cerveja
Um dia desses, estava num bar aqui da cidade quando vi dois sujeitos sentados em uma mesa, ambos vestidos ainda do serviço. Pela minha crítica análise pensei que eram profissionais da construção civil ou algo do ramo.
Eu sou um sujeito curioso, sempre tento ver as coisas atípicas em uma cena qualquer nas imagens normais do cotidiano se é que a vida cotidiana é normal. Sabe, no final das contas acho que eu posso ser considerado um xereta... Mas xereta soa mal, então prefiro curioso.
Mas voltando a cena daquele final de tarde, imaginei que os sujeitos deveriam estar falando sobre dois assuntos fundamentais para homens em uma mesa de bar, mulher e/ou futebol. Acho que esta é a receita perfeita num final de tarde, cerveja, amigo, mulher e futebol. Se alguém me disser que existe algo melhor está mentindo ou, então, descobriu a forma da felicidade.
Mas para a minha surpresa os dois sujeitos estavam falando de um assunto muito mais pertinente para os dias que vivemos, vou tentar descrever a conversa:
- Você viu que a OAB entrou com processo no Supremo para eliminar a pensão vitalícia dos ex-governadores?! - Disse o primeiro sujeito que ao final da afirmação carregava um ar de superioridade, como se soubesse de uma coisa que ninguém mais sabia.
- Vi sim, e acho que tá certo. Os caras permanecem no poder quatro, oito anos, e depois ficam ganhando 24 mil por mês para o resto da vida... Não é justo.
- Pois eu sou a favor da pensão. Eles foram governadores e devem sim ficar ganhando uma pensão vitalícia para o resto da vida, eles merecem.
Ambos se olharam, não discutiram, e seguiram tomando aquele líquido espumante sem mais tocar no assunto.
Eu necessariamente concordo com o segundo homem, acho que um ex-governador deve mesmo receber uma pensão vitalícia, pois por mais que não estejam mais no poder eles seguem representando a imagem do estado. Jamais deixarão de ser ex-governadores, e sempre terão suas imagens ligadas ao estado.
E mais do que isso, vale lembrar que uma pessoa que esteve no poder não pode de jeito nenhum voltar ao mercado de trabalho. Porque se um ex-governador passe a trabalhar em uma empresa, certamente esta empresa teria vantagens incomparáveis em relação as concorrentes. Além de ter estado nas entranhas do poder, conhecendo todos os atalhos, ainda terá para si o privilégio e influência de quem já foi governador.
Nos Estados Unidos (que pode servir de exemplo de democracia), um ex-presidente não pode voltar ao mercado de trabalho, deve seguir recebendo uma pensão e somente trabalhar dando palestras.
O custo com os ex é caro, claro que é, mas este é um preço que temos que pagar para termos a democracia e engana-se quem pensa que a democracia custa pouco. A democracia é cara, e nós encontraremos a sua perfeição plena quando nos dermos conta que os políticos são à solução e não o defeito para ela.
Quanto aos dois homens que estavam naquele bar, logo depois do assunto polêmico e político, a esfera das opiniões se voltou para o futebol, um gremista e um colorado, e numa semana de Gre-Nal, da para entender que o assunto foi longe. Afinal, futebol rende mais assuntos que política, não que seja mais importante, mas é muito mais palpável. E para nós é isso que interessa: a emoção de poder dizer o meu time, o meu centroavante, a minha torcida. Jamais ouviremos um brasileiro dizendo o meu deputado, o meu senador, e por aí vai.
Política está longe de entrar na receita perfeita para um final de tarde, futebol, cerveja e mulheres ainda são soberanas.
Eu sou um sujeito curioso, sempre tento ver as coisas atípicas em uma cena qualquer nas imagens normais do cotidiano se é que a vida cotidiana é normal. Sabe, no final das contas acho que eu posso ser considerado um xereta... Mas xereta soa mal, então prefiro curioso.
Mas voltando a cena daquele final de tarde, imaginei que os sujeitos deveriam estar falando sobre dois assuntos fundamentais para homens em uma mesa de bar, mulher e/ou futebol. Acho que esta é a receita perfeita num final de tarde, cerveja, amigo, mulher e futebol. Se alguém me disser que existe algo melhor está mentindo ou, então, descobriu a forma da felicidade.
Mas para a minha surpresa os dois sujeitos estavam falando de um assunto muito mais pertinente para os dias que vivemos, vou tentar descrever a conversa:
- Você viu que a OAB entrou com processo no Supremo para eliminar a pensão vitalícia dos ex-governadores?! - Disse o primeiro sujeito que ao final da afirmação carregava um ar de superioridade, como se soubesse de uma coisa que ninguém mais sabia.
- Vi sim, e acho que tá certo. Os caras permanecem no poder quatro, oito anos, e depois ficam ganhando 24 mil por mês para o resto da vida... Não é justo.
- Pois eu sou a favor da pensão. Eles foram governadores e devem sim ficar ganhando uma pensão vitalícia para o resto da vida, eles merecem.
Ambos se olharam, não discutiram, e seguiram tomando aquele líquido espumante sem mais tocar no assunto.
Eu necessariamente concordo com o segundo homem, acho que um ex-governador deve mesmo receber uma pensão vitalícia, pois por mais que não estejam mais no poder eles seguem representando a imagem do estado. Jamais deixarão de ser ex-governadores, e sempre terão suas imagens ligadas ao estado.
E mais do que isso, vale lembrar que uma pessoa que esteve no poder não pode de jeito nenhum voltar ao mercado de trabalho. Porque se um ex-governador passe a trabalhar em uma empresa, certamente esta empresa teria vantagens incomparáveis em relação as concorrentes. Além de ter estado nas entranhas do poder, conhecendo todos os atalhos, ainda terá para si o privilégio e influência de quem já foi governador.
Nos Estados Unidos (que pode servir de exemplo de democracia), um ex-presidente não pode voltar ao mercado de trabalho, deve seguir recebendo uma pensão e somente trabalhar dando palestras.
O custo com os ex é caro, claro que é, mas este é um preço que temos que pagar para termos a democracia e engana-se quem pensa que a democracia custa pouco. A democracia é cara, e nós encontraremos a sua perfeição plena quando nos dermos conta que os políticos são à solução e não o defeito para ela.
Quanto aos dois homens que estavam naquele bar, logo depois do assunto polêmico e político, a esfera das opiniões se voltou para o futebol, um gremista e um colorado, e numa semana de Gre-Nal, da para entender que o assunto foi longe. Afinal, futebol rende mais assuntos que política, não que seja mais importante, mas é muito mais palpável. E para nós é isso que interessa: a emoção de poder dizer o meu time, o meu centroavante, a minha torcida. Jamais ouviremos um brasileiro dizendo o meu deputado, o meu senador, e por aí vai.
Política está longe de entrar na receita perfeita para um final de tarde, futebol, cerveja e mulheres ainda são soberanas.