Nhá Barbina
O galo cantou as quatro da manhã. A casa da Nhá Barbina já cheirava fumaça, do velho fogão de lenha.
Café no fogo. Pão saindo.
Seu Zé acordando cheio de dor no corpo, afinal a idade já estava avançada. Mas ainda assim, calçou a velha botina e sem ao menos alisar o cabelo, sentou para esperar o café ficar pronto.
Barbina, já mais disposta, voltava do terreiro, as galinhas cuidadas e a vaquinha Zefina já ordenhada.
_Nhá, anda logo com esse café, a lida me espera. O dia tem coisa demais da conta pra fazer, e a coluna velha não ajuda.
Barbina termina de coar o café e coloca pro seu Zé, já esperando o velho rabugento fazer as reclamações de sempre.
Estranhou, no entanto. Zé tomou o café, levantou e saiu.
_Que bicho será fez o favor de picar o Zé? Pensou a velha Nhá.
Zé nunca tomava café sem reclamar. Alguma coisa tinha acontecido.
Já na beira da estrada, Zé sentindo o peito cansado, grita por ajuda.
Dor horrível chegou e destruiu o pouco de força que ainda tinha.
Mal sabia, que era a última vez que tomava o café da Nhá, com quem viveu reclamando, por longos 45 anos.
Ninguém passava por ali aquela hora. Mas Nhá, pressentindo que tinha coisa errada, foi atrás do marido e qual não foi a surpresa : Zé , deitado no chão de terra batida, olhos parados, agradecia a Deus, por ter tido a chance de tomar o café amargo e sem gosto, que a mulher da sua vida, fazia sem reclamar.
E dizendo isso, fecha os olhos.
E café, agora só quando voltar.
Se um dia voltar.