O Choro Descontrolado do Noivo
Todos os presentes viram quando o noivo chorava copiosamente duramente a cerimônia, e aposto que todos pensavam que era a emoção do momento não é? As lágrimas que molhavam sua túnica clara, era de pura felicidade desta união que até que enfim se realizaria? A sua bela noiva que estava deslumbrante naquele vestido branco? A alegria de ter seus amigos e parentes nesta bela comemoração?
Mas a estória não é bem essa.
Nos dias que antecederam a cerimônia Dani Dançado Cara de Choro, o então noivo se encontrava na chácara para organizar, preparar o local para a cerimônia e para receber os ilustres convidados (roçar, capinar, pintar, cortar a grama, fazer a cerca, organizar o estacionamento etc e tal) trabalho de qualquer noivo que quer casar, né!?.
E vocês pensam que o aventureiro cansou de tantou trabalhar nestes dias? Bem não é de todo uma inverdade, mas aventureiro é aventureiro .... e no calor dos dias na região de Cascavel, nada mais justo que um banho no tanque.
Mas para um aventureiro, o banho não é só entrar na água e se refrescar, tem que ter estilo e todos vocês conhecem o Dani, ele gosta que chamem ele de Dane com e, mas para este que vos escreve ele sempre foi e será Dani com “i”, e que nos processe.
Todos vocês lembram que o casamento ocorreu no quiosque no meio do lago, pelo menos espero que vocês tenham prestado atenção, o quiosque estava todo enfeitado com luzes diversas, flores, vasos, cadeiras etc e tal. Mas antes de sábado aquilo estava, sem cerca, sem decoração sem nada, para aventureiro aquilo era um prato cheio, já que os pedreiros que trabalhavam na obra tinham levado uma bicicleta.
E Dani e seus parentes, que estavam dando duro nos preparativos (nem tanto! nem tanto!) tiveram a brilhante idéia de "emprestar" a bicicleta barra circular monark de cor marrom que estava lá parada ao lado da parede da casa.
Pronto!
O serviço parou no período da tarde, e ele foi o primeiro a sair pedalando a bicicleta com todo o gás, passava pelo trapiche e agora uma rampa, e quando chegava no quiosque onde sábado todos choravam, fazendo com que o lago se enchesse e quase transbordasse com as lágrimas, com a velocidade a todo vapor e saltavam com a bicicleta.... bicicleta para um lado, corpo para outro... tchibuuumm água jorrava uns 10 metros junto com alguns peixes, que depois foram aproveitados no jantar.
E assim, se divertiam no início para se refrescar... mas todo aventureiro também é um competidor nato, Dani e seus parentes, começaram a melhorar as performances, em vez sair pedalando e cair direto no tanque, começaram a tentar malabarismos, piruletas ver quem fazia jorrar mais água, tudo isso para a platéia de pedreiros que trabalhavam, digo assistiam com aquela vontade de também fazer a mesma coisa, ou pelo menos entrar na água, mas como eram contratados para a obra ficaram parados olhando o espetáculo.
Vai um, vai outro... e assim iam-se de bicicleta, velocidade á toda, rampa.... e acrobacias aéreas e thibuuum água.... Dani Dançado Cara de Choro estava perdendo para seus parentes nas acrobacias, não tinha conseguido ganhar em nenhuma das etapas anteriores.... já tava frustrado....mas então pensou, calculou, meditou ...vou arriscar tudo num salto duplo twist carpado... e disse pra ninguém ouvir:
- quero ver eles me ganhá com essa agora, hihihihi!!!
Montou na bicicleta, pedalou como um condenado fugindo da forca, ganhou velocidade, subiu a rampa e na hora da piruleta, no momento que tinha que jogar a bicicleta para o outro lado e ele fazer o salto duplo twist carpado, o pior aconteceu.
O dedão de batateiro enroscou na bicicleta, ele teve que dar um chute na bicicleta para poder se desvencilhar dela, mas ele errou o chute e acertou com a parte de cima do pé (perto do peito do pé) com toda sua força no pedal da bicicleta, neste momento ele gritou horrendamente.
O gritou ecoou pelas montanhas da colonia de São Roque, e fez o barulho e a algazarra cessar, seus parentes e pedreiros mudos ficaram naquele momento, ele conseguiu jogar a bicicleta para o outro lado e caiu no tanque de costas, fazendo jorrar o maior volume de água de todos até agora, e a água entrando pela sua boca, nariz, ouvido, ele agitava os braços freneticamente, o silêncio sepulcral acabou, só foi um instante... porque começaram uma gargalhada geral dos parentes e pedreiros:
- quaquaquaquaquaquaquaquaqua!
O nosso heroi eventureiro saiu da água brabo, e falou:
- porra! eu quase me afogando e vocês nem pra me ajudar, “carajos”!
Eles comentaram não se aguentando ainda de tanto rir:
- é que foi muito divertido ver você cair quaquaquaquaqua
- foi sensacional seu tombo! Quaquaquaquaqua
- piá,.. nóis tinha que te filmado... nóis ia ganhá milão enviando pro Faustão quaquaquaquaquaqua!
Nisso outro competidor foi fazer sua perfomance, e esqueceram nosso heroi aventureiro que jazia deitado na grama, pálido!
Olhou para seu pé, tinha uma mancha branca na pele em cima do pé, uns 10 centimetros quadrados. Pensou: - ainda bem que não foi nada! mas nisso viu começar a escorrer uma gota de sangue debaixo da pele, e percebeu que a pele estava solta, ergueu a ponta e teve um calafrio, ficou branco, quase desmaiou.
Por baixo daquela pele branca aparecia a carne viva. O chute que ele deu com o pé no pedal da bicicleta fez arrebentar a pele rasgando-a, o berro que ele deu foi da pele rasgando junto com a carne. Ele arrancou a pele que estava presa só por um fio, e jorrava sangue. Para ele a brincadeira acabou.
No dia do casamento o choro compulsivo não foi pela emoção, foi da ferida viva que lhe ardia, doia, e o tênis apertado que sua noiva havia lhe dado para o casório, lhe comprimia ainda mais o pé. A dor era insuportável e ele não teve como não segurar o choro!
E vocês perceberam que a valsa também foi reduzida para somente alguns segundos, bem como todas as outras danças (forró, axé, pop, gauchesca, antigas etc e tal só foram alguns segundos).... não foi nenhuma musica dançada completa, vocês acham que era por que?, porque seu pé estava ardendo, doendo e ele não conseguia dançar mais.