Uma estrela para Zulmira, em três atos!
PRIMEIRO ATO
Zulmira, uma cortesã celibatária, pretendia casar-se ainda virgem.
Numa dessas noites de estrelas bem vivas, olhou pro céu e vendo “uma estrela cair,” lembrou-se das histórias da sua avó. “... assim como uma estrela cai, a gente pode fazer um pedido” quando há muita fé, ele se realizará.
Zulmira respirou profundamente e sem pestanejar, lançou mão ao chão, confiante no teu ingênuo coração pediu a Santo Antônio, o santo casamenteiro, que lhe trouxesse um lindo gajo, dele fizesse um esposo sem tardia. Ela, aguardava no tempo seu dito pretendente. Às vezes, era pega naquele olhar distante como quem vê muito sem nada enxergar!
- Zulmira, no que te colocas a pensar?
Absorta, breve ela respondia...
- Estou esperando a felicidade e ela virá!
Se o que importa na vida, às vezes é guardar segredos, mas qual segredo de amor, se até então ninguém houvera lhe botado os olhos em desejos. Quiçá, muito menos alguém lhe despertara interesse de galanteio ou tão pouco lhe fizera um gracejo de afeição.
SEGUNDO ATO
"Santo António, Santo Antóninho
Arranja-me lá um maridinho..."
O tempo decorre num rabo de luz, mais de um ano se fora. Numa noite de festas juninas, eis que surge um estranho visitante. Esbelto de boa aparência, olhar firme e enigmático observava Zulmira na contradança. No meio do bailado frenético ela lança um olhar misterioso, imaginando que aquele pudesse ser o enviado do santo casamenteiro. Ele, sorriu-lhe cortesmente e acompanhou o retinir da trilogia.
- ANAVAN (gritava o marcador)
- RETURNÊ
- É O TUR (Com a mão direita, o cavalheiro abraçou a cintura de Zulmira. Ela, por sua vez, colocou o braço esquerdo no ombro dele e deram um giro completo para a direita).
- BALANCÊ...
TERCEIRO ATO
Mal sabia Zulmira, que o gajo enviado, que se pusera em ressalto, na verdade já era pretendido por outras raparigas do lugar. Ao terminar a dança festiva, o misterioso visitante deu-lhe na boca um beijo daqueles de desbeiçar. De ensejo, um arrepio no dorso que fez Zulmira suspirar. Do chão, seus pés fugiram, não sabia mais donde por as mãos e, tão pouco seu corpo sustentar. De olhar imobilizador, voz firme ele disse:
- Abranda-te donzela,
Das bocas que toquei em calma.
Sois a mais doce pura e bela,
Entorpecida... que abrevia minh’alma!
Lépida e sorridente, Zulmira se refez, observou ao seu redor e nada viu. Incessantemente olhava para conferir aquela cena ilusória, pois não era nenhum gajo, foi apenas um mal estar que Zulmira sentiu ao dançar. Até hoje praquelas bandas, o povo observa estrelas caindo, torcendo que possa um dia, pra Zulmira se casar!