Ativo e Passivo
Um Contador da pesada e marreteiro
E numa dessas reuniões administrativas do Grupo Lundgren (Casas Pernambucanas) onde todo primeiro escalão se reunia em uma das sedes no décimo andar de um prédio centro do Rio de Janeiro, lembro-me bem ter participado de algumas dessas importantes reuniões, pois trabalhava ocupando um cargo administrativo em uma das tecelagens do grupo, onde também assinava como procurador, depois de ter almoçado, um delicioso camarão à milanesa, sentamo-nos para um breve descanso e entre um cafezinho e outro, algumas piadas e causos interessantes.
Essa é pra quem entende de contabilidade, ou pelo menos tem noção do que seja um plano de contas contábil, débito, crédito, etc.
Existia na Cia.Tecidos Rio Tinto, Paraíba, uma das fabricas de tecidos do grupo Lundgren, um contador que quando o livro razão dava uma diferença, ele procurava, procurava, virava madrugadas e não encontrava, o que ele fazia? Se por exemplo, a conta Fornecedores – Basf, um grande fornecedor de drogas e tintas, apresentasse um saldo devedor de R$3,00 e feito o levantamento, constatava-se que o certo era saldo zero, pois não haviam duplicatas pendentes, ele não perdia tempo, lançava os R$3,00 a credito da conta do fornecedor e debitava na conta CAPITAL SOCIAL.
Resultado, ele reduzia o valor do capital social, ou fazia o valor oscilar para mais ou para menos, marretando as diferenças encontradas a seu bel prazer. Ora, quem entende desse assunto, sabe que o capital social de uma sociedade anônima somente se altera usando reservas legais, constantes de um balanço geral e com uma decisão registrada em ata, com presença de acionistas, etc.
Um belo dia, alguém foi fazer uma auditoria interna e dava gargalhadas e mais gargalhadas sozinho e o contador pra justificar o ato irresponsável do ponto de vista técnico se manifestou inocentemente dizendo que fez apenas um atalho, pois se lançasse na conta de Pequenas despesas, para depois transferir para Lucros e Perdas, iria de qualquer forma influenciar na conta reservas para aumento de capital.
Esse acontecido, pra quem domina o assunto, é realmente engraçadíssimo e o pior é que o tal contador já trabalhava na empresa há uns 25 ou 30 anos e naquele tempo contava com estabilidade de tempo de casa e sequer tinha como demiti-lo por justa causa.
Sorte que a Receita Federal sequer era informatizada naquele tempo e ao que parece, os estornos foram procedidos, justificados e não se tocou mais no assunto, até que alguém com uma dose de scoth a mais, num desses almoços resolveu soltar.