O CAIPIRA E A BIGAMIA

Os primeiros colonizadores, nossos ancestres tiveram uma enorme dificuldade, nas remotas épocas quando por aqui aportaram com o objetivo de fincar raízes no Vale do Picão. Faltava tudo. Não havia produtos nem recurso financeiro para adquiri-los.

Providos de sua criatividade individual cada cidadão lançava mão do seu talento e buscava na natureza a matéria prima para sanar suas necessidades. E foi assim que surgiram muitos artífices, talentos que passaram pela história despercebidos, com suas belas e grandiosas obras artesanais. Viveram e morreram sem perceber o valor do trabalho prestado a sociedade da qual fizeram parte. E o mais incrível em sua maioria era analfabeto. Não sabiam sequer desenhar seu nome.

Juca Xavier foi um destes talentos, um verdadeiro artista, não havia na época quem não utilizasse em sua cozinha os objetos trabalhados por ele. Confeccionava utensílio doméstico em madeira, podia se disser que, que toda a população comia de colher nas gamelas fabricada pelo Juca Xavier.

O velho marcou nossa história com sua arte e o espírito humorístico que possuía. Além de uma lenda já contada por mim aqui Recanto de uma cobra que mamava em sua esposa.

Juca se dizia bígamo contava que tinha duas esposas uma para a época das vacas gordas outra para a época de vacas magras. Quando as intempéries climáticas castigavam os roceiros sua esposa de nome miséria invadia sua casa expulsando a outra, parecia até coisa do demônio. Era um deus nos acuda porque sua esposa de nome fartura desaparecia e sua vida se tornava num verdadeiro martírio. Ao contraio quando Deus abençoava o roceiro com a bonança das chuvas a fartura estava de volta entrava pela porta da sala expulsava a miséria pela porta da cozinha, aí sim, eram paz e harmonia que reinava e a alegria apoderava de o seu coração, e até Deus duvidava de sua felicidade e estava sempre cobrando suas orações de agradecimento!