MAU OIADO

Da série causos caipiras de Mostradanus

Foi ai que o meu cumpadi Zoberlino aqui de Petrolina de Goiás, amigo do Fernandinho da Icaros e querendo fazer um muro na frente de sua casa e tirando uma linha mirou uma árvore na divisa, bem em riba, mas que o vizinho Astrogildo achava que tava do lado dele.

-Cumpadi Zoberlino, pra cortar essa arve só se fô pro cima do meu cadáver.

-Disse o impricante Astrogildo que na verdade martratava a bichinha todo dia, qui ieu via ele mijano nela toda manhã. Era uma escaldada covarde. Evangélico, a muié proibia ele de tuma cerveja e ele ia todo dia no bar do Realino escondido e adespois se aliviava na pobre arve.

Discute daqui, discute dali, nada de acordo e o cumpadi Astrogildo chateado com o amigo de muitos anos, influenciado pelos amigos de seu fio na cidade, e duma tar ONG que defende a natureza e proíbe machucar as pobre arves. Os tar de ecochatos que denuncia nóis no Ibama.

Nesse ponto, cumpadi Zoberlino recebe a minha visita e adespois de ieu me lambuzá todinho com um franguinho ao moio pardo ele pediu muito sem jeito, pra ieu dá um parpite, acerca do cumpadi Astrogildo, que era meu amigo também, mas nem tanto.

E me contou toda a encrenca, sobre a tal arvezinha. Nem tão bunita ela era. Num tava mais frondosa e tava perdendo foia seca, que nem veio perde cabelo quando penteia. Uma arve muito careca que nem um amigo meu lá de Goiânia, um tar Gercin.

-Eu disse, cumpadi, o jeito é ocê, rodiar a bichinha e lançá um mau olado nela e o pobrema ta resolvido, sô. Uma reza braba, encomendada, num faia.

-Mas cumpadi, ieu num tenho esse podê todo, num vai dá certo, além de ieu num cunhecê nenhum macumbero por essas rendondeza e o cumpadi Astrogildo é um home escrarecido, tem fio estudano na cidade, num querdita nessas coisas de mau oiado, praga.

-Eu disse, cumpadi, passa lá naquela Casa da Lavoura na Av. Castelo Branco em Goiânia e pega essa receita de mau oiado com o meu amigo Sílica e ele vai te dá um pozinho branco mágico, feito por um daquels feiticeiros lá da Ingraterra, dos tempos do tar Rei Arthur, ocê mistura numa água filtrada, benzida e joga no pé dela e fica lá pelo menos uma meia hora por dia, oiano, oiano, oiano e deixa o cumpadi Astrogildo saber qui ocê ta rogano uma praga, sem que ele veja o posinho branco.

Tiro e queda, num faia.

Luiz Bento (Mostradanus)
Enviado por Luiz Bento (Mostradanus) em 29/02/2012
Reeditado em 29/02/2012
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