A noite estava linda.
 O céu todo estrelado.
 O papo rendeu até lá pelas 21 horas.
Ainda sentia na boca o gosto do café com bolo de fubá que dona Rosa serviu depois da reza.
Todos se despediram e pegaram a estrada...
 De lamparinas acesas,pegamos a trilha depois da curva pra encurtar o caminho.
 E papo vai,papo vem,um vento frio passou nos causando arrepio.
 Totonha parou e disse que pressentia algo no ar.
 Totonha,tudo pressentia,tudo sabia.
E nos metia medo.
 Depois dos causos contados,dizia pra nada temer.
E nos lembrava sempre:
_"Quem pode mais é Deus".E nada mais!
 Em silencio seguimos o caminho.
Quando avistamos a casa da madrinha,Totonha nos alertou:
 Ouçam,valha-me Deus!
 Olhamos em direção do barulho.Trotes!
 Um rastro de fogo tomou conta da estrada.
 Podíamos sentir o cheiro da poeira de fogo.
 Fechei os olhos de medo e rezei.
Não queria ver aquilo de novo...
 Quando tudo passou,Totonha fez o sinal da cruz e lamentou:
_Pobre moça,triste maldição.
 Lá se foi,trotando noite adentro,sem parar.
 Precisava visitar sete arraial até o amanhecer.
 Depois do ocorrido,Totonha  dirigiu-se a nós dizendo:
_Vamos embora,Já vimos demais por hoje.
_Valha-me Deus.
_Que sina besta.
"Namorar um padre e virar mula sem cabeça".

 
    Estava só no inicio da quaresma.Ainda tinha muito pra acontecer...
 
Ana Maria Cristina
Enviado por Ana Maria Cristina em 26/02/2012
Reeditado em 15/08/2013
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