Aliança de noivado
— Nunca vi homem tão lindo como aquele! — exclamava ela. — Aquele homem era tudo de bom! Você num tem noção!
E eu ficava olhando para ela com cara de bobo pensando com minha cueca:
— Tudo de bom é você!
Ela sempre foi tão deslumbrada com a embalagem das coisas!
— Foi assim: eu comprei uma saia — e ela falava mais com as mãos do que com a boca, parecia que ia voar de tão rápido que falava — e quando estava saindo e vi aquele homem lindo, dei tchauzinho pra ele.
— Ele devia estar imaginando você desfilando só de saia pra ele. — pensava eu com minha cueca. — Só isso passaria pela imaginação de um homem que trabalha num lugar desses! Aliás, de qualquer homem.
— Aí ele falou que se precisasse trocar era pra procurar ele — e os olhos dela riam de satisfação — Como ele sabia que eu ia precisar trocar é que não sei!
— Nada disso escapa ao sexto sentido masculino, sabia? — continuava eu no meu diálogo com a cueca.
— Olha só! — continuou ela aflita — Fui trocar a saia, que serviu, mas eu precisava trocar! Faltavam só cinco minutos pra fechar a loja e eu não encontrava lugar pra estacionar! Encontrei um lugar, peguei a sacola, tirei a aliança, joguei no painel do carro e saí correndo... — e parou de falar de repente, com aquele olhar de insatisfação que só ela sabe fazer.
Eu e minha cueca estávamos ansiosos por saber o que o Apolo fez.
— Cheguei toda sorriso pra ele — respirou fundo — e quando olhei pra mão dele tinha uma aliança de noivado!
— Cavalo amarrado também pasta! — agora eu falava com ela.
— Mas não no meu pasto!
— E cavalo solto? — e meu olhar sem vergonha encurralou o dela.
— Ah! Não sei... — e ficou vermelhinha.
Fui chegando devagar os lábios perto dos dela. Enquanto isso ela tirava a aliança de noivado e guardava no bolso.