Visita à Cidade Maravilhosa
Visita à Cidade Maravilhosa
Irino acalentava um sonho desde os cinco anos, visitar a Cidade Maravilhosa. Naquele aniversário ganhara de presente de uma tia, uma caneca com a estampa da estátua do Cristo Redentor de braços abertos e logo abaixo a visita da Baía de Guanabara. Com o tempo a caneca se quebrou, mas a paisagem ficou guardada para sempre na memória. Morava em uma cidadezinha do litoral paranaense, lá cresceu, tornou-se homem, constituiu família. Durante quarenta e tantos anos acalentou secretamente seu sonho de infância.
Após a viuvez, reuniu as três filhas moças e informou, assim que recebesse a aposentadoria iria realizar alguns sonhos pendentes. As filhas não fizeram objeção e viram Irino partir com certa inquietude no coração.
Ele comprou um carro zero, fez as malas e partiu para a Cidade Maravilhosa. Durante a longa de viagem, achava tudo maravilhoso com sabor de aventura. Era um motorista cauteloso e dirigia sem pressa. Antes de chegar ao Rio de Janeiro, passou por Aparecida. Fez uma parada, visitou a catedral, passeou pela cidade fascinado com a multidão de fiéis que encontrou pelo caminho. Era domingo, e o movimento era intenso. Resolveu pernoitar na cidade e seguir viagem na manhã seguinte. Teria tempo para assistir a missa das seis da tarde.
No dia seguinte seu coração batia forte no peito, cheio de emoção. Mãos presas ao volante, óculos escuros no rosto, sentado no carro novo, revestido de bancos de couro ele seguia para realizar um de seus sonhos.
A primeira impressão que teve da cidade foi terrível. O transito estava todo congestionado parecia que o carro estava parado por uma eternidade. Só chegou a Copacabana lá pelas três da tarde. Faminto, suado, um pouco estressado, conseguiu finalmente encontrar o hotel, até que não fora difícil, pois tinha instalado um GPS antes da viagem. Sentia-se como um rei ao descobrir os recantos desconhecidos de sua soberania. Estacionou na primeira vaga que encontrou e foi direto para a recepção do hotel. Apresentou a confirmação da reserva e teve a sensação de que algo estava errado, pela cara da recepcionista, todavia enganara-se. Foi encaminhado para o seu apartamento no décimo segundo andar no fundo de um corredor super apertado. Até que o apartamento era confortável, tirando o ar condicionado que estava quebrado e Irino só descobriu durante a primeira noite na Cidade Maravilhosa. Lá pelas duas da manhã, resolveu deixar a humildade de lado e reclamou. Logo foi atendido e trocou de aposentos. Foi para um apartamento no quarto andar. Tentou conciliar o sono, mas não conseguiu. Acordou tarde, cansado e louco de fome. Resolveu descer para tomar o café da manhã e surpreso descobriu que já eram onze horas e perdeu o café no hotel. Saiu para a rua, e entrou no primeiro bar que encontrou. Sentou-se e lá mesmo fez seu tão sonhado desjejum no Rio de Janeiro.
Ficou encantado com as mulheres lindas que encontrava, parecia que estava num paraíso, tudo muito diferente de onde morava. Era verão, e a sensualidade bronzeada das mulheres, entrava por todos os sentidos de Irino. Ele ficou os primeiros sete dias como todo turista, visitando os pontos turísticos mais conhecidos, Pão de Açúcar, Cristo Redentor, Maracanã, Jardim Botânico, e todas as noites saía para as badaladas boates que lhe recomendaram. Lá pelo décimo dia de sua chegada ele amanheceu febril, tonto e com o corpo todo dolorido. Ficou o dia inteiro no hotel sem saber o que fazer. Resolveu procurar a emergência de um hospital, e ficou muito deprimido com o diagnóstico dos médicos que o atenderam. Fez alguns exames e foi hospitalizado, devido ao seu estado de desidratação e da febre muito alta. Estava com dengue. Ligou para as filhas, informou seu estado de saúde, mas deu-lhes certeza que já estava bem melhor, e que voltaria em poucos dias. Ele ficou internado três dias, recebeu alta e voltou para o hotel. Dois dias depois começava o Carnaval. Parecia uma injustiça o que estava acontecendo com Irino, mal tinha forças para andar, e o tempo passa rapidamente. O Paulo seu cunhado, resolveu fazer-lhe uma surpresa e chegou ao sábado de Carnaval. Hospedou-se no mesmo hotel e informou que viera buscá-lo. Irino não tinha outra opção teria que voltar com Paulo ao volante, pois ainda precisava de mais uns dias para se recuperar. Na quarta-feira de Cinzas, Irino voltava para casa ao lado de Paulo que dirigia super feliz, e não cansava de relatar ao cunhado todas as proezas que realizara no Carnaval carioca, inclusive a mulher linda que conhecera na primeira noite em Copa. Paulo mostrou para Irino o celular e mandou-oele ver as fotos que os dois haviam tirado. Irino, desconversava, fingindo que estava cochilando e com muita raiva pensava no fundo de sua mente, só me faltava esta, o Paulo agora vai ficar falando a viagem inteira das coisas legais que eu não pude curtir por causa desta maldita dengue.