Ditinho. Burro eu?
Ditinho. Burrinho eu?
Ditinho, como toda semana, repetiu o que já fazia há meses. Mudava seu caminho de volta para casa, passava no botequim do seu Sauro.
Lá tropeiros costumavam passar todas as sextas e quando ditinho chegava, só de olharem, caiam na risada.
Tonhão às gargalhadas dizia aos tropeiros que paravam ali pela primeira vez:
Olha ai pessoal, o burrinho falante!
Ditinho nem ligava, sorria...
Para muitos uma grave ofensa, uma humilhação.
Tonhão se virava para os companheiros e cochichava...
Ai pessoal quer ver como o bicho é besta... E os curiosos acenavam um sim.
Tonhão tirou do bornal duas moedas, uma grande de quatrocentos reis e outra menor de dois mil reis. Com a voz grave e rouca indagou Ditinho...
Burrinho vem cá, escolha aqui entre estas duas moedas a que você quer!
Ditinho sem titubear escolhia a maior, contudo de menor valor.
O pessoal dava risada, pedia mais uma rodada de aguardente, de lembrança pra casa levavam goiabada e muita risada.
Ditinho de cabeça baixa virava e partia.
Nesta vez, seu Sauro agiu diferente, pediu licença aos clientes e correu atrás do menino, ao alcançá-lo, intrigado perguntou...
Não se importe não com o que pensam de nós, o maior prazer do perspicaz é bancar o palerma, na frente de um bobo que crê ser esperto.