Desencontros

A vida andava difícil, o dinheiro rareando, e já não havia trabalho descente pra ninguém, a seca tirava a lavoura, o gado e fé do homem, mas no ramo que servia de profissão a Belarmino a procura era sempre alta, o mercado do ódio, do rancor, da vingança aguardada às vezes por muitos anos, e que se tinha servida bem fria pela mão de um bom pistoleiro.

Já fazia tempo que não matava, de uns anos tinha se retirado pro sitio, conhecido uma boa moça de família, casado, virado lavrador. Mas a seca e a necessidade lhe traziam de volta ao metiê. A idade de uns cinqüenta e tantos anos já lhe pesava nos ombros, mas mesmo com tudo isso o nome que tinha pela estrada a fora não perdera nem um grão do lustro que tinha quando ainda gozava de juventude. Foi só darem de ouvido no boato de sua volta que já tinha coronel a sua soleira esperando.

O sujeito, um tal Antonio oliveira, era homem grosseiro, de barba cheia ao qual sobrava inimigo e desgostos, e que pelo visto tava na intenção de arrebanhar mais um desafeto. Sem muita cerimônia e entornando com gosto um copo da cachaça oferecida pelo dono da casa, Oliveira desandou a falar do futuro defunto, dando conta das horas e costumes do dito cujo, que tinha por alcunha Desiderio.

Pelo o que havia dado pra entender da história, o tal Desiderio da cana era rapaz pobre, que por malinagem do destino houve de se encantar logo pela filha de oliveira, e tirou a pureza da moça. Naqueles tempos causo do tipo era resolvido na faca ou na bala por pai ou irmão, mas a moça não tinha irmão e o pai, apesar da fachada de macho, era mais frouxo que pinto quando vê gavião. Sendo assim o problema carecia ser resolvido por outro.

Depois de acertado o preço, dos pedidos sem resultado da mulher e da reza pro santo pra pedir perdão a deus, lá se foi Belarmino pra ter o colóquio com o tal rapaz. Depois de meia légua no lombo do cavalo apeou na porteira da chácara pequena, de longe se apresentava à plantação retorcida, seca e morta, e no meio um rapaz que pelejava com enxada na luta pra salvar algum pé.

Belarmino puxou a garrucha velha da cinta, foi se achegando sem medo, o rapaz ouviu as pisadas, mas achou que na certa era marianinha, a irmã, que vinha chegando com a água de beber da cacimba.

Vira pra cá - disse Belarmino apontando a garrucha - que não sou homem de matar ninguém pelas costas.

Ta, eu sei que fazer isso é meio que sacanagem, mas já faz dois meses que tento terminar essa droga e não consigo, então vai assim mesmo. Quem tiver uma boa sugestão de final eu aceito, hahaha.

Kriador
Enviado por Kriador em 15/01/2007
Código do texto: T347964