Minha tia está sem calcinhas

Minha tia está sem calcinhas!

Amanda era uma menina muito esperta, nos seus seis anos, com seus olhinhos curiosos, captava tudo. Certa vez, foi com sua mãe visitar uma tia paterna que morava distante. Chegaram no meio da tarde, e preferiam pernoitar na casa da parenta. A menina sentiu-se deslocada, após fazer uma completa investigação da casa e do quintal a procura de alguma brincadeira, desistiu e focalizou sua atenção para a tia Maria. Achava tudo naquela mulher diferente, a baixa estatura, a linguagem rebuscada de palavrões, os cigarros que fumava um após o outro, as unhas enormes e pintadas de vermelho, e o mini vestido. Ficou curiosa para saber cada vez mais sobre aquela personagem.

Na hora do jantar a menina levou a mão à boca num gesto de surpresa e talvez protesto, como se pensasse, não tem jantar, só chá e biscoitos. Observou que ela ganhou apenas quatro biscoitos, enquanto sua mãe, a tia, e o tio, serviu-se de quantos queriam comer. Achou aquilo uma injustiça, e quando esticou a pequenina mão para apanhar mais um magro biscoito tipo “cream-cracker” foi interrompida por sua mãe, que se atravessou no meio da mesa para impedir o pequeno furto da filha.

Amanda extremamente surpreendida pelo gesto da mãe, não ousou dar palavra. Ficou quieta e logo depois foi para o banheiro escovar os dentes e preparar-se para dormir. A tia Maria foi muito hospitaleira, ofereceu um quarto com duas camas de solteiro, do tempo que seus filhos moravam com ela. A roupa de cama era uma delícia cheirosa e clarinha. Amanda sonhava em jogar-se debaixo do lençol e esperar o dia chegar rapidamente para ir embora. Tentando ajudar a tia ao apanhar um travesseiro que caíra no chão, abaixou-se e com seus olhos curiosos viu que a tia estava sem calcinhas. Dessa vez, não teve dúvida e começou a rir, desmanchou-se numa gargalhada. A mãe e a tia, não sabiam do que se tratava, e deram um jeito de fazer a pequena menina dormir logo.

No dia seguinte mãe e filha regressaram ao lar. Amanda após almoçar fartamente um prato de pirão de feijão preto, arroz e bife acebolado com batatas fritas, comentou com sua avó materna: - Vovó não gostou da tal da tia Maria. Ela é muito econômica, imagina, o vestido era muito curtos, os cigarros ela fumava até ficar um toquinho pequenininho, o jantar não tinha, era só chá e biscoitos, e ainda por cima, a tia não usava calcinhas, para economizar, pois ela disse que o tio não tem dinheiro, ele é apostado, aposentado, sei lá, alguma coisa assim. Credo, vovó, a tia era sem vergonha, não comprou nem uma calcinha. Eu escutei a conversa dela com a mamãe, e ela falou que não compra roupa faz tempo. Ela trabalha num tal de bazar da igreja, e ela disse que escolhe as roupas e traz para casa, só que calcinha o pessoal não dá. Se ela trabalha lá deve ganhar dinheiro para comprar uma calcinha, nem a minha boneca fica sem calcinha.

A avó deu uma risada estrondosa e falou para a neta: - Nada disso, ela não é econômica não, vai ver que ela está meio esquecida e não vestiu as calcinhas. A menina falou: - É pior do que ser pão dura vai sujar a casa toda, quando fizer xixi ou outra coisa. A avó riu mais ainda, acompanhada pela neta, que abaixada no chão procurava ver se a avó também estava sem calcinhas.

Aradia Rhianon
Enviado por Aradia Rhianon em 03/02/2012
Reeditado em 19/07/2015
Código do texto: T3478835
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