UMA QUASE EX- SOGRA

Atualmente os problemas sociais enfrentados pelos usuários, no sistema de saúde brasileiro, é uma triste realidade que só Deus sabe como é suportada por esta gente tão sofrida em busca de tratamento. Mesmo assim ainda encontramos pessoas, que embora sendo alvo desta difícil situação, são otimistas e bem humoradas e compartilham com os outros sua alegria de viver.

Dia destes aguardando meu filho que carregava a caminhonete de hortifrutes em um deposito ao fundo de um edifício, em cujo andar térreo situa um posto de saude, ou seja, um P.S.F. presenciei uma prosa muito agradável de uma simpática idosa que se fazia presente.

A sala de espera é uma varanda alongada na lateral do prédio e conserva repleta desta gente sofrida em busca de tratamento médico. Com o sol scaldante muito quente eu me acolhi à sombra, sentando-me na mureta de proteção da varanda. Era grande e variado o burburinho daquela gente, muitos dos quais portavam nas mãos seus envelopes com resultados de exames. Cada um comentando seu diversificado problema de saude

Uma senhora idosa bem falante logo roubou a sena, e todos voltaram sua atenção a ela. E acredito-me terem esquecido por algum momento o dilema que enfrentavam.

Dirigindo a outra mais nova, com idade talvez para ser sua filha, ela foi logo dizendo. –E ai Sá to quereno achá que conheço ocê, puracaso cê é a sirva do tôeim João? –Sou sim sinhora! –Óia num tô falano qui ticunheço, è ocê memo danada! O que cocê tafazeno aqui Sá? – Estou com problema cardíaco, às vezes meu coração começa bater acelerado!—Uai Sá mais isso num é pobrema não, tá é danado de bão, inquanto tivé bateno digero é um bão sinar, pió su bicho resorvê num batê direito!

Cum quem cocê casô Sá? – A mulher deu o nome do marido ela logo mencionou vários nomes da família provando de fato conhecer a todos, e foi acrescentando à prosa: Uai socê casô cu fio do Sirvero Borge, ieu sô quase sua ex-sogra o sirvero pidiu ieu in casamento uma veiz, mai meu pai mandô ere virá ome primero, ieu bem qui quiria, mai asdispois casô ieu e ere potasbanadas. Quais quieu sô mãe daquela fiarada toda e ia cê sua sogra!

No melhor da prosa meu filho buzinou me avisando que estava de saída, deixei La aquela simpática loura, aparentando seus quase noventa anos olhos azuis lampeiros, cabelo com uma trança muito caprichada partindo das laterais para o meio da cabeça, uma verdadeira obra arte, seu penteado, tão perfeito como seu espírito otimista.

Geraldinho do Engenho
Enviado por Geraldinho do Engenho em 30/01/2012
Reeditado em 30/01/2012
Código do texto: T3469799
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