jose e um conto do norte

José e um conto do norte

João estava indo para cidade depositar um dinheiro em sua conta. O banco

estava cheio; ficou horas na fila; sentava, levantava e nada da fila andar,

era criança chorando e velhos reclamando, isto estava deixando –o irritado.

As pessoas estavam reclamando, até que conheceu Maria na fila do banco.

- Maria onde você mora?

- Moro aqui próximo, e você?

- Moro um pouco longe do centro.

João e Maria ficaram conversando por horas e nada da fila andar, escutamos

um barulho era seu José que estava do nosso lado cochilando, tinha soltado

um peido, ele pediu desculpas, mas o mau cheiro subiu.

Uma senhora gorda que estava ao lado falou:

_ Como é que podemos agüentar isto? A fila não anda, um calor infernal, o ar

condicionado está quebrado, e este velho acha de peidar aqui, vai para a

fila dos aposentados.

Seu José ficou nervoso tirou a dentadura e arremessou. O melado desceu da

cabeça da senhora e vendo todo aquele sangue, a senhora saiu correndo dentro

do banco atrás do seu José, para bater. As pessoas que estavam na fila, uns

davam risada e outros gritavam:

_ Pega o velhinho! Mas nada de pegar.

Na fila dos aposentados os velhinhos se revoltaram e começaram a correr

agora atrás da senhora gorda, era dentadura que voava, muleta que subia e

guarda chuva que descia na cabeça de quem entrasse na frente; todos

gritando:

_ Pega esta gordinha.

Duas senhoras, no meio da bagunça, deixaram cair os óculos e começaram a

agarrar nos cabelos uma da outra, pensando que era a gordinha. Maria no meio

da confusão sumiu. Marcos o gerente do banco, chamou a policia, do lado de

fora estava cheio de repórteres e em minutos a policia chegou gritando:

_ Todos se afastem, vamos entrar.

Os policias entraram e falaram:

_ Soltem as armas, mãos na cabeça.

Um monte de velhinhos estavam presos do lado de fora do banco, os repórteres

saíram correndo para entrevistar a gangue do algodão doce, pois era assim

que os velhinhos estavam sendo chamados pelas pessoas e os repórteres. Na

delegacia todos estavam chorando, e alguns dizendo:

_ Tenho que tomar meu remédio de pressão, outros gritavam:

_ Preciso tomar minha injeção de insulina, cadê minha filha?

Perguntaram para o delegado Antônio:

_ Quando é que vamos ser soltos?

_ Quando aparecer um dos seus parentes para pagar a fiança.

Algumas horas depois os parentes dos velhinhos chegaram à delegacia dizendo:

_ Cadê minha mãe?

_ Cadê meu pai?

_ Vô cadê você?

_ Delegado Antônio, o senhor tem que soltar eles, o senhor não está vendo

que são pessoas inofensivas, são todos de idade.

_ Vou soltar depois que vocês pagarem a fiança, e os prejuízos que eles

deram no banco, quebraram as cadeiras entre outras coisas, o pessoal da

limpeza nunca viu tanta dentadura e guarda chuva na vida deles; depois vocês

têm que reconhecer os pertences e os recolherem, aí eles estarão liberados.

Do lado de fora da delegacia estava cheio de repórteres para entrevistar os

velhinhos. Depois de horas presos, alguns saíram chorando e outros

reclamando e o repórter perguntou ao seu José:

_ Por que aconteceu tudo isso?

_ Vou te falar meu filho, foi por causa de um peido e uma dentadura, por

isso aconteceu todo este transtorno, agora vou descansar e tomar meu

cafezinho lá no bar com meus amigos

Chegando na vila no bar do seu Romeu, seu José foi recebido com palmas.

Alguns de seus colegas disseram:

_ Agora seu José terá uma nova história para contar, conte o que aconteceu.

_ Antes que eu conte Romeu, me dê um cafezinho, porque ninguém é de ferro

depois conto como eu acertei a dentadura na cabeça da gordinha.

_ Vamos lá gente, vou contar o que aconteceu.

Um rapaz fala:

_ Até que em fim senhor José, gosto demais das histórias do senhor.

Agora sem interompição, o que aconteceu dentro daquele banco vou contar

outro dia, porque agora vou contar para vocês uma história de uma família

que veio de lá do norte que nem eu, prestem muita atenção.

A poluição corta a cidade, entre butiques e prédios bonitos.

Urubus fazem a festa no esgoto a céu aberto.

Prato do dia no restaurante do esgoto, cachorro morto há três dias.

O cachorro de dona Maria que procurava há dias.

As pessoas passam e perguntam:

_ Porque a senhora esta chorando?

_ Estou chorando, porque meu cachorro morreu, coitado do Rapadura.

Uma garota perguntou:

_ Porquê Rapadura?

_ Eu o trouxe lá do norte, nós fomos criados comendo rapadura com farinha na

fazendinha dos meus pais, colocamos este apelido no cachorro em homenagem a

minha mãe, mulher guerreira que tinha ganhado vários campeonatos lá no

norte. O campeonato era para quem comia mais rapadura com farinha e ninguém

era melhor do que mamãe nessa arte.

Depois da morte dela se engasgar com um fiapo que estava dentro da rapadura,

o prefeito fez até uma homenagem, fez uma estátua de mamãe com um prato de

rapadura. Depois disso, viemos para São Paulo com um cachorro pequeno,

chegando aqui colocamos o apelido de rapadura. As crianças gostavam de

brincar com ele, jogavam um pau, ele corria e pegava. O Rapadura só vivia

com um pau na boca, para cima e para baixo, brincando com as crianças.

_ Que fim triste, a senhora quer ajuda para carregar o pobre do Rapadura

para ser enterrado?

_ Não minha filha moro longe.

_ Então vamos jogar aqui no esgoto mesmo, ninguém vai perceber que á um

cachorro morto aqui, com todo este fedor, quem vai gostar vão ser os urubus

que já estão rodeando de novo o pobre rapadura. O banquete vai ser dos bons,

os urubus já estão esfregando a língua no bico e uma asa na outra.

Depois de jogar o cachorro no esgoto, dona Maria olha para o alto e vê

aquela escuridão, eram os urubus descendo para o almoço, Dona Maria e a

garota saem correndo, um dos urubus deu uma bicada na bunda de dona Maria

pensando que estava morta, pois de tão velha parecia uma múmia.

A garota dá um abraço em dona Maria e se despede:

_ Não chora, o rapadura deve estar bem agora.

Dona Maria ficou nervosa.

_ Como ele está bem? Se está enterrado no esgoto coberto com as asas dos

urubus e de seus bicos. Como ele está bem minha filha? Acabamos de jogar

ele, só está a caveira e os ossos.

A garota sai de cabeça baixa, pensativa e refletindo.

_ É amigos! São Paulo você vê e escuta de tudo um pouco, a mulher do norte

que morre engasgada com um fiapo na rapadura e a filha em homenagem a mãe

colocando o apelido no cachorro de rapadura e o cachorro que foi enterrado

no esgoto e coberto com as asas dos urubus e de seus bicos.

_ Fim da história meus amigos, que sirva como lição para vocês.

_ Seu José, seu José.

_ Fala meu rapaz.

_ Só uma pergunta:

_ Urubu come cachorro?

_ Meu rapaz a historia é minha e meu urubu come cachorro e a gordinha fica

para outro dia. Romeu manda outro cafezinho que tenho que ir para casa.

E todos no bar caíram numa só risada.

Paulo pereira

paulo.pereira13@isbt.com.br

PAULO PEREIRA
Enviado por PAULO PEREIRA em 14/01/2007
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